Diversas propostas se tornaram resolução ao receber mais de 80% de aprovação dos delegados em um dos Grupos de Trabalho. Entre elas, está a criação de um Conselho Nacional de Comunicação com funções de monitoramento e também de deliberação acerca das políticas públicas do setor. Também passou por consenso nos grupos uma proposta de divisão do espectro radioelétrico entre os sistemas público, privado e estatal numa proporção de 40-40-20. Também foi aprovada a positivação do direito à comunicação na Constituição Federal. O artigo é de Cristina Charão, do Observatório do Direito à Comunicação.
Cristina Charão - Observatório do Direito à Comunicação
Publicado originalmente no Observatório do Direito à Comunicação, via Carta Maior
Dificuldades metodológicas superadas, os grupos de trabalho constituídos para debater as propostas inscritas na 1a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) aprovaram uma série de resoluções que respondem a bandeiras históricas das organizações e movimentos sociais ligados à luta pelo direito à comunicação e a democratização da mídia.
Estas propostas se tornaram resolução ao receber mais de 80% de aprovação dos delegados em um dos GT’s. Algumas aprovações chegam a surpreender, por serem pautas tradicionalmente rechaçadas pelo empresariado e mesmo por órgãos governamentais.
Por exemplo, foi aprovada a criação de um Conselho Nacional de Comunicação com funções de monitoramento e também de deliberação acerca das políticas públicas do setor. Também passou por consenso nos grupos uma proposta de divisão do espectro radioelétrico entre os sistemas público, privado e estatal numa proporção de 40-40-20.
Outra proposta aprovada nos GTs foi a positivação do direito à comunicação na Constituição Federal.
Veja algumas das propostas aprovadas:
- Divisão do espectro radioelétrico obedecendo a proporção de 40% para o sistema público, 40% para o sistema privado e 20% para o sistema estatal.
- Reconhecimento do direito humano à comunicação como direito fundamental na Constituição Federal.
- Criação do Conselho Nacional de Comunicação, bem como dos conselhos estaduais, distrital e municipais, que funcionem com instâncias de formulação, deliberação e monitoramento de políticas de comunicações no país. Conselhos serão formados com garantia de ampla participação de todos os setores.
- Instalação de ouvidorias e serviços de atendimento ao cidadão por todos os concessionários.
- Incentivo à criação e manutenção de observatórios de mídia dentro das universidades públicas.
- Criação de fundo público para financiamento da produção independente, educacional e cultural.
- Definição de produção independente: é aquela produzida por micro e pequenas empresas, ONGs e outras entidades sem fins lucrativos.
- Garantia de neutralidade das redes.
- Estabelecimento de um marco civil da internet.
- Fundo de apoio às rádios comunitárias.
- Criminalização do “jabá”.
- Isenção das rádios comunitárias de pagamento de direitos autorais.
- Produção financiada com dinheiro público não poderá cobrar direitos autorais para exibição em escolas, fóruns e veículos da sociedade civil não-empresarial.
- Criação de um operador de rede digital para as emissoras públicas gerido pela EBC.
- Estabelecer mecanismos de gestão da EBC que contem com uma participação maior da sociedade.
- Limite para a participação das empresas no mercado publicitário: uma empresa só poderá ter até 50% das verbas de publicidade privada e pública.
- Proibição da publicidade dirigida a menores de 12 anos.
- Desburocratização dos processos de autorização para rádios comunitárias.
- Que a Empresa Brasileira de Correios ofereça tarifas diferenciadas para pequenas empresas de comunicação.
- Criar mecanismos menos onerosos para verificação de circulação e audiência de veículos de comunicação.
- Garantir emissoras públicas que estão na TV por assinatura em canais abertos.
- Criar mecanismos para a interatividade plena na TV digital.
- Fim dos pacotes fechados na TV por assinatura.
- Manutenção de cota de telas para filmes nacionais.
- Adoção de critérios de mídia técnica para a divisão da publicidade governamental nas três esferas.
- Promover campanha nos canais de rádio e TV, em horários nobres, divulgando documentos sobre direitos humanos.
- Inclusão digital como política pública de Estado, que garanta acesso universal.
- Buscar a volta da exigência do diploma para exercício de jornalismo.
- Garantir ações afirmativas nas empresas de comunicação.
Criação de Observatório de Mídia da Igualdade Racial.
- Na renovação das concessões, considerar as questões raciais.
- Centro de pesquisa multidisciplinar sobre as questões da infância na mídia.
- Criação do Instituto de Estudos e Pesquisa de Comunicação Pública com ênfase no incentivo à pesquisa.
- Aperfeiçoar as regras da classificação indicativa.
Fonte: www.viomundo.com.br
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Cobertura da Confecom será ao vivo, com transmissão pela internet e NBR
Evento terá participação de comunicadores de rádios e TVs comunitárias e haverá tenda para público não credenciado com telões
Brasília – Mais de 300 profissionais de imprensa de todo o país estarão acompanhando a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que começa na próxima segunda-feira, 14 de dezembro, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. A informação é do Ministério das Comunicações e da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. O tema da conferência, a primeira a ser realizada no Brasil, é “Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital”.
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) montou uma grande estrutura para o evento, mobilizando a TV Brasil, a televisão a cabo NBR, oito emissoras de rádio e a Agência Brasil de notícias.
A conferência, inédita, gira em torno de três eixos temáticos: “produção de conteúdo”, “meios de distribuição” e “cidadania: direitos e deveres”. O evento atraiu a atenção de jornais, revistas, sites, portais, agências de notícia, rádios, emissoras de televisão, assessorias e mídia comunitária.
Além de jornalistas dos meios de comunicação tradicionais, a Confecom receberá cerca de 60 comunicadores de meios comunitários, que atuam em rádios, TVs e agências espalhadas pelo país. Uma tenda será montada do lado de fora do Centro de Convenções, com dois telões e rede wireless, para atender ainda a um público não credenciado, mas ligado à área de comunicação, como estudantes e blogueiros.
A TV Brasil e a Agência Brasil preparam uma cobertura intensa, com pelo menos dez jornalistas em cada um dos quatro dias da Confecom, que se encerra na quinta-feira, 17. Serão produzidas reportagens para os telejornais, e o programa Repórter Brasil, principal telejornal da emissora, promoverá debates todos os dias sobre os temas da conferência.
“Queremos passar ao telespectador a importância das comunicações, através do debate dos diferentes pontos de vista sobre o tema”, aponta Eduardo Castro, gerente executivo de jornalismo da EBC.
A NBR transmitirá a conferência ao vivo, desde a abertura, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, às 19h de segunda-feira, até a plenária final, que ocorre no dia 17. O sinal estará à disposição de qualquer emissora que tenha interesse em pegar as imagens.
A NBR também será responsável pela transmissão da conferência pela internet, através do sítio oficial da Confecom e em seu próprio sítio.
Para esta cobertura, a NBR mobilizou 50 pessoas, entre técnicos e jornalistas. “Teremos um estúdio montado no Centro de Convenções para produzir entrevistas e boletins para os programas da grade e os telejornais”, afirma José Roberto Garcez, superintendente de Rede e Diretor de Serviços da EBC.
A programação da NBR é transmitida para mais de mil emissoras em todo o país, públicas e privadas, o que possibilitará um grande acesso da sociedade brasileira aos debates da Confecom. O sinal da NBR também pode ser captado por antenas parabólicas (veja abaixo os parâmetros para captá-la).
As emissoras de rádio da EBC farão uma cobertura especial da Confecom, com a realização de mesa redonda e entrevistas diretamente do Centro de Convenções, de terça a quinta-feira, entre 9h30 e 10h e das 16h às 16h30.
As rádios da EBC estão envolvidas com a Confecom desde as conferências estaduais que precederam a Conferência Nacional e, além de programas, mesas redondas e documentários produzidos, veiculam spots de 40 a 50 segundos com representantes dos segmentos que compõem a Confecom: representantes de organizações dos movimentos sociais, de entidades empresariais e poder público.
“Nossa proposta é permitir ao ouvinte participar da discussão e fazer o seu juízo de valor sobre um tema importante como a comunicação”, aponta Cristina Guimarães, gerente da Rádio Nacional, de Brasília, cabeça de rede da transmissão da Confecom.
A Associação de Rádios Públicas do Brasil (Arpub) também terá produção especialmente voltada para a Confecom, com equipe multiprofissional de diferentes emissoras públicas. A transmissão da Arpub será de terça a quinta-feira, de 18 às 18h30. As transmissões da EBC e da Arpub estarão disponíveis via satélite no mesmo canal da Voz do Brasil, que é transmitida para mais de 4 mil rádios do país.
No sítio da Radioagência Nacional (www.ebc.com/radioagencia), agência de rádio na Internet, há um link para acessar matérias, entrevistas e sonoras das equipes da EBC na Confecom. O dowload é livre e gratuito.
Seguem abaixo os parâmetros para assistir a NBR por parabólica:
Cidades que captam o sinal da NBR pela Net
12 - Anápolis - GO
02 - Belo Horizonte - MG
19 - Blumenau - SC
13 - Brasília - DF
06 - Campinas - SP
09 - Campo Grande - MS
19 - Florianópolis - SC
10 - Goiânia – GO
15 - Indaiatuba - SP
06 - Porto Alegre - RS
07 - Ribeirão Preto - SP
04 - Rio de Janeiro - RJ
14 - Santos - SP
07 - São José do Rio Preto - SP
05 - São Paulo - SP
Sky
Canal 146
OiTV
696 - Rio de Janeiro
Recepção Digital de Satélite (Antena Parabólica)
Satélite: Star One C2
Posição Orbital do Satélite: 70°W
Polarização: Horizontal
Frequência: 3632
Padrão: DVB-S
SYMBOL RATE: 4.6875
FEC 3/4
PID DE VÍDEO: 0308
PID DE ÁUDIO: 0256
PID DE PCR: 8190
Recepção Analógica de Satélite (Antena Parabólica):
Satélite: Star One C2
Posição Orbital do Satélite: 70°W
Freq.: 4030
Banda L : 1120
Polarização : Vertical
da Assessoria de Imprensa/Confecom/EBC/Ascom-Ministério das Comunicações
Conferência Nacional de Comunicação começa nesta segunda
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, abre nesta segunda-feira (14), às 19 horas, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília (DF), a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (1ª Confecom). O evento, que prossegue até o dia 17 de dezembro, é tem o objetivo de pensar maneiras para democratizar a produção, a distribuição e o acesso à informação no Brasil.
Nove famílias e grupos empresariais controlam 80% das concessões de canais de TV no Brasil. A lei que rege o modelo de concessões públicas tem mais de 40 anos, e ainda assim é sistematicamente desrespeitada. E o atraso não se restringe à política de concessões.
Internet, telefonia móvel, funcionamento de rádios comunitárias, distribuição de verbas de publicidade dos governos a veículos impressos e eletrônicos, enfim, tudo o que tem a ver com o direito à produção e ao acesso à informação funciona debaixo de uma legislação ultrapassada pela velocidade das transformações nos meios de informação nos últimos anos.
Diante desse cenário, organizações atuantes na luta pelo direito à informação cobraram, desde o início do governo de Lula, a convocação de uma Conferência Nacional da Comunicação (Confecom). Em fevereiro deste ano o pleito foi atendido. O Ministério das Comunicações programou o evento em Brasília, com a participação do presidente da República, confirmada para a abertura, nesta segunda-feira (14). Os debates vão até a próxima quinta-feira (17).
Será o desfecho de uma série de etapas municipais e estaduais em que representantes da sociedade civil, dos empresários e do poder público desencadearam debates regionais e designaram delegados à derradeira etapa nacional.
Os movimentos sociais não sabem se sairão de Brasília com uma plataforma de avanços rumo a uma legislação mais moderna e democrática. Mas são quase unânimes em dizer que o próprio processo em que vem se desenrolando a Confecom não deixa de ser um grande avanço.
Segundo Laurindo Leal Filho, professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), a comunicação merecia um evento do porte de uma conferência há muito tempo, a exemplo do que ocorre com outros temas. “As conferências são uma forma de criar um diálogo entre a sociedade, organizada nos movimentos, e empresários, com o poder público, tanto no Executivo quanto no Legislativo”, explica.
A primeira conferência nacional realizada no país foi a de saúde, em 1941. O princípio foi adotado durante mandatos de diferentes presidentes para temas como direitos humanos, assistência social e questões indígenas. Mas foi durante o governo Lula que um maior número de conferências foi convocado: das cidades (2003 e 2005), do esporte (2003 e 2006), de mulheres (em 2004 e 2007), do meio ambiente (2003 e 2005), da igualdade racial (2004), da cultura (2005), de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros (2008), da segurança pública (2009).
Elas podem determinar o que os governos terão de fazer? Não necessariamente. Mas qualquer instância de governo minimamente preocupada em formular políticas públicas para essas áreas saberá exatamente o que pensam e o que propõem os setores sociais mais especializados em cada uma delas.
Seu princípio é definir diretrizes ao Legislativo e ao Executivo na formulação de leis e políticas públicas. Mas, entre o debate nas conferências e a implementação de ações governamentais, há um distanciamento que envolve a necessidade de pressão da sociedade.
Peculiaridades
O processo da Confecom teve diferenças em relação aos anteriores. Uma delas, segundo Carolina Ribeiro, do Coletivo Intervozes, foi a desproporção de delegados para cada setor. Empresários e sociedade civil tiveram 40% do total cada um, enquanto o governo concentrou os 20% restantes. “Isso limita as perspectivas para a conferência, porque deve haver dificuldade para fazer passar resoluções pela democratização do direito à comunicação”, avalia Carolina.
O peso garantido aos empresários nos debates também é desproporcional. Além disso, depois de conseguir retardar a convocação da conferência, por muito lobby no Ministério das Comunicações, o setor aparentemente se dividiu. Empresas de telecomunicações e grandes grupos de rádio e TV não falam a mesma língua. O segundo está perturbado com o interesse do primeiro em distribuir (e produzir) conteúdo para seus clientes, o que representa uma ameaça real à hegemonia dos meios convencionais – basta lembrar que 82% dos domicílios do país já possuem telefonia fixa ou móvel.
Na formação da comissão organizadora da Confecom, depois de meses de discussões, entidades ligadas a emissoras de rádio e televisão, provedores de internet, TV por assinatura, jornais e revistas se retiraram do processo alegando dificuldades de diálogo com “outros segmentos”. Leiam-se as teles, que permaneceram firmes, de olho em resoluções que possam abrir caminhos. E grupos ligados à Rede Bandeirantes, Rede TV! e a rádios do interior também ficaram. Mas, apesar de parcela das empresas terem pulado do barco, o peso do setor permaneceu inalterado. Isto é: quatro em cada dez delegados da etapa final da Confecom terão sido indicados por eles.
“Se a mídia acha que todos na sociedade têm de prestar contas, por que as próprias empresas se recusam a participar de um debate sobre políticas públicas para o setor?”, questiona Rosane Bertotti, secretária nacional de Comunicação da CUT. Em novembro, ela defendeu em artigo a criação de uma CPI da Mídia, já que jornais, rádios e TVs promovem, em sua visão, campanhas de criminalização dos movimentos sociais, assim como veiculam denúncias sem provas – que se tornam base para pedidos de comissões parlamentares de inquérito no Congresso Nacional –, mas se recusam a qualquer debate.
O comportamento dos principais meios de comunicação de tentar esvaziar a Confecom produziu outro desafio para seus defensores. Enquanto em outras conferências deputados e senadores engajam-se nas etapas preparatórias, de olho em boas ideias de projetos de lei para sua área de atuação – e para ficar bem na foto em suas bases eleitorais –, quando o assunto é comunicação, são raros os parlamentares dispostos a participar. Mesmo entre os críticos, muitos ainda temem peitar os impérios.
Além de não cobrir a Confecom – a exemplo do que ocorre com outras conferências –, a grande mídia deve até combater propostas de defesa do direito à comunicação, à transparência e ao controle social. Habituou-se a qualificar de “censura e cerceamento da liberdade de expressão” tudo que questione seus métodos de confundir informação com interesses políticos e/ou econômicos.
Tornar prática alguma diretriz de conferência já demandará pressão social. Antes, porém, será preciso furar a cortina de silêncio com que a mídia convencional tentará afastar a opinião pública do que se discutirá ali. Mais uma tarefa para os blogueiros, sites, canais de rádio e TV comunitários e veículos impressos independentes que, como formiguinhas, vêm se multiplicando nos últimos anos e têm conseguido perturbar o piquenique dos barões da velha imprensa.
Fonte: Rede Brasil Atual
Nove famílias e grupos empresariais controlam 80% das concessões de canais de TV no Brasil. A lei que rege o modelo de concessões públicas tem mais de 40 anos, e ainda assim é sistematicamente desrespeitada. E o atraso não se restringe à política de concessões.
Internet, telefonia móvel, funcionamento de rádios comunitárias, distribuição de verbas de publicidade dos governos a veículos impressos e eletrônicos, enfim, tudo o que tem a ver com o direito à produção e ao acesso à informação funciona debaixo de uma legislação ultrapassada pela velocidade das transformações nos meios de informação nos últimos anos.
Diante desse cenário, organizações atuantes na luta pelo direito à informação cobraram, desde o início do governo de Lula, a convocação de uma Conferência Nacional da Comunicação (Confecom). Em fevereiro deste ano o pleito foi atendido. O Ministério das Comunicações programou o evento em Brasília, com a participação do presidente da República, confirmada para a abertura, nesta segunda-feira (14). Os debates vão até a próxima quinta-feira (17).
Será o desfecho de uma série de etapas municipais e estaduais em que representantes da sociedade civil, dos empresários e do poder público desencadearam debates regionais e designaram delegados à derradeira etapa nacional.
Os movimentos sociais não sabem se sairão de Brasília com uma plataforma de avanços rumo a uma legislação mais moderna e democrática. Mas são quase unânimes em dizer que o próprio processo em que vem se desenrolando a Confecom não deixa de ser um grande avanço.
Segundo Laurindo Leal Filho, professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), a comunicação merecia um evento do porte de uma conferência há muito tempo, a exemplo do que ocorre com outros temas. “As conferências são uma forma de criar um diálogo entre a sociedade, organizada nos movimentos, e empresários, com o poder público, tanto no Executivo quanto no Legislativo”, explica.
A primeira conferência nacional realizada no país foi a de saúde, em 1941. O princípio foi adotado durante mandatos de diferentes presidentes para temas como direitos humanos, assistência social e questões indígenas. Mas foi durante o governo Lula que um maior número de conferências foi convocado: das cidades (2003 e 2005), do esporte (2003 e 2006), de mulheres (em 2004 e 2007), do meio ambiente (2003 e 2005), da igualdade racial (2004), da cultura (2005), de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros (2008), da segurança pública (2009).
Elas podem determinar o que os governos terão de fazer? Não necessariamente. Mas qualquer instância de governo minimamente preocupada em formular políticas públicas para essas áreas saberá exatamente o que pensam e o que propõem os setores sociais mais especializados em cada uma delas.
Seu princípio é definir diretrizes ao Legislativo e ao Executivo na formulação de leis e políticas públicas. Mas, entre o debate nas conferências e a implementação de ações governamentais, há um distanciamento que envolve a necessidade de pressão da sociedade.
Peculiaridades
O processo da Confecom teve diferenças em relação aos anteriores. Uma delas, segundo Carolina Ribeiro, do Coletivo Intervozes, foi a desproporção de delegados para cada setor. Empresários e sociedade civil tiveram 40% do total cada um, enquanto o governo concentrou os 20% restantes. “Isso limita as perspectivas para a conferência, porque deve haver dificuldade para fazer passar resoluções pela democratização do direito à comunicação”, avalia Carolina.
O peso garantido aos empresários nos debates também é desproporcional. Além disso, depois de conseguir retardar a convocação da conferência, por muito lobby no Ministério das Comunicações, o setor aparentemente se dividiu. Empresas de telecomunicações e grandes grupos de rádio e TV não falam a mesma língua. O segundo está perturbado com o interesse do primeiro em distribuir (e produzir) conteúdo para seus clientes, o que representa uma ameaça real à hegemonia dos meios convencionais – basta lembrar que 82% dos domicílios do país já possuem telefonia fixa ou móvel.
Na formação da comissão organizadora da Confecom, depois de meses de discussões, entidades ligadas a emissoras de rádio e televisão, provedores de internet, TV por assinatura, jornais e revistas se retiraram do processo alegando dificuldades de diálogo com “outros segmentos”. Leiam-se as teles, que permaneceram firmes, de olho em resoluções que possam abrir caminhos. E grupos ligados à Rede Bandeirantes, Rede TV! e a rádios do interior também ficaram. Mas, apesar de parcela das empresas terem pulado do barco, o peso do setor permaneceu inalterado. Isto é: quatro em cada dez delegados da etapa final da Confecom terão sido indicados por eles.
“Se a mídia acha que todos na sociedade têm de prestar contas, por que as próprias empresas se recusam a participar de um debate sobre políticas públicas para o setor?”, questiona Rosane Bertotti, secretária nacional de Comunicação da CUT. Em novembro, ela defendeu em artigo a criação de uma CPI da Mídia, já que jornais, rádios e TVs promovem, em sua visão, campanhas de criminalização dos movimentos sociais, assim como veiculam denúncias sem provas – que se tornam base para pedidos de comissões parlamentares de inquérito no Congresso Nacional –, mas se recusam a qualquer debate.
O comportamento dos principais meios de comunicação de tentar esvaziar a Confecom produziu outro desafio para seus defensores. Enquanto em outras conferências deputados e senadores engajam-se nas etapas preparatórias, de olho em boas ideias de projetos de lei para sua área de atuação – e para ficar bem na foto em suas bases eleitorais –, quando o assunto é comunicação, são raros os parlamentares dispostos a participar. Mesmo entre os críticos, muitos ainda temem peitar os impérios.
Além de não cobrir a Confecom – a exemplo do que ocorre com outras conferências –, a grande mídia deve até combater propostas de defesa do direito à comunicação, à transparência e ao controle social. Habituou-se a qualificar de “censura e cerceamento da liberdade de expressão” tudo que questione seus métodos de confundir informação com interesses políticos e/ou econômicos.
Tornar prática alguma diretriz de conferência já demandará pressão social. Antes, porém, será preciso furar a cortina de silêncio com que a mídia convencional tentará afastar a opinião pública do que se discutirá ali. Mais uma tarefa para os blogueiros, sites, canais de rádio e TV comunitários e veículos impressos independentes que, como formiguinhas, vêm se multiplicando nos últimos anos e têm conseguido perturbar o piquenique dos barões da velha imprensa.
Fonte: Rede Brasil Atual
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Saúde e eleições
Sob o título “Mais que nunca, bate no peito o orgulho de ser mineiro”, o Governo de Minas publicou anúncio na chamada “grande imprensa”, onde diz que “a saúde em Minas vive um novo tempo”. Fala, entre outras coisas, da regionalização da saúde, de investimentos em hospitais, de telemedicina, de redução da mortalidade infantil e até mesmo de transporte confortável para os pacientes.
Tudo muito bom. Só falta mesmo é avisar para os mineiros que enfrentam as longas filas nos hospitais, que sofrem com ausências de médicos e remédios nos Postos de Saúde, que sonham com ambulância para o transporte de pacientes, que vivem em péssimas condições sanitárias, etc, que tudo isso é mesmo verdade e que já está à disposição de todos. E que não se trata, de jeito nenhum, de propaganda eleitoreira.
Ou como dizem os mineiros: aí tem coisa!
Tudo muito bom. Só falta mesmo é avisar para os mineiros que enfrentam as longas filas nos hospitais, que sofrem com ausências de médicos e remédios nos Postos de Saúde, que sonham com ambulância para o transporte de pacientes, que vivem em péssimas condições sanitárias, etc, que tudo isso é mesmo verdade e que já está à disposição de todos. E que não se trata, de jeito nenhum, de propaganda eleitoreira.
Ou como dizem os mineiros: aí tem coisa!
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Carta do Presidente do Sindijori
Prezado jornalista,
Está cada vez mais evidente o descaso com que os governos Estadual e Federal, além das empresas privadas, tratam a mídia do interior de Minas, a ponto mesmo de descumprir a Constituição Federal de 1988 que prevê que a "A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA DE QUALQUER DOS PODERES DA UNIÃO, DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNÍCIPIOS OBEDECERÁ AOS PRINCIPIOS DA LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALIDADE, PUBLICIDADE E EFICIÊNCIA".
O art. 21 da Lei 8.666 estabelece: "Os avisos contendo os resumos dos editais, das concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos leilões, embora realizados no local da repartição interessada, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo por uma vez:
lll - em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se houver, em jornal de circulação no Município ou na região onde será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido ou alugado o bem, podendo ainda a Administração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação para ampliar a área de competição".
Já está comprovado que os chamados "jornais de grande circulação" não possuem o alcance da imprensa que se faz no interior. Os governos fecham os olhos para o fato de que no Sul do Estado, assim como em boa parte da Zona da Mata e do Triângulo, são os jornais das TVs de São Paulo e Rio, através de parabólicas, que alcançam os cidadãos mineiros.
Várias foram as vezes que já tivemos contatos com órgãos dos Governos do Estado, Federal e Empresas Privadas, além das agências de publicidade com o objetivo de investirem na mídia do interior sem que os resultados jamais fossem alcançados.
Não podemos tolerar este tipo de prática. Sugerimos aos colegas proprietários de jornais do interior de Minas que suspendam a publicação de releases enviados pelas assessorias de imprensa e que não se iludam com promessas de que os jornais serão programados em relação a publicidade.
Segue, em anexo, uma primeira carta do Sindijori que solicitamos que seja analisada pelos colegas, cujo objetivo é expor para os cidadãos mineiros a realidade daquilo que vem ocorrendo dentro da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais.
A partir desta data o SINDIJORI estará remetendo regularmente novas matérias e artigos sobre o tipo que vem ocorrendo nos órgãos de governos e na iniciativa privada para sejam publicados nas páginas de seu jornal.
Para seu conhecimento, o Sindijori mantém um blog atualizado com notícias de interesse da imprensa mineira. Participe. O endereço é: sindijorimg.blogspot.com
Anote o novo telefone do SINDIJORI: (31) 2512-3895
Cordialmente,
Dermeval Antônio do Carmo Filho
Presidente do Sindijori
Está cada vez mais evidente o descaso com que os governos Estadual e Federal, além das empresas privadas, tratam a mídia do interior de Minas, a ponto mesmo de descumprir a Constituição Federal de 1988 que prevê que a "A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA DE QUALQUER DOS PODERES DA UNIÃO, DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNÍCIPIOS OBEDECERÁ AOS PRINCIPIOS DA LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALIDADE, PUBLICIDADE E EFICIÊNCIA".
O art. 21 da Lei 8.666 estabelece: "Os avisos contendo os resumos dos editais, das concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos leilões, embora realizados no local da repartição interessada, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo por uma vez:
lll - em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se houver, em jornal de circulação no Município ou na região onde será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido ou alugado o bem, podendo ainda a Administração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação para ampliar a área de competição".
Já está comprovado que os chamados "jornais de grande circulação" não possuem o alcance da imprensa que se faz no interior. Os governos fecham os olhos para o fato de que no Sul do Estado, assim como em boa parte da Zona da Mata e do Triângulo, são os jornais das TVs de São Paulo e Rio, através de parabólicas, que alcançam os cidadãos mineiros.
Várias foram as vezes que já tivemos contatos com órgãos dos Governos do Estado, Federal e Empresas Privadas, além das agências de publicidade com o objetivo de investirem na mídia do interior sem que os resultados jamais fossem alcançados.
Não podemos tolerar este tipo de prática. Sugerimos aos colegas proprietários de jornais do interior de Minas que suspendam a publicação de releases enviados pelas assessorias de imprensa e que não se iludam com promessas de que os jornais serão programados em relação a publicidade.
Segue, em anexo, uma primeira carta do Sindijori que solicitamos que seja analisada pelos colegas, cujo objetivo é expor para os cidadãos mineiros a realidade daquilo que vem ocorrendo dentro da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais.
A partir desta data o SINDIJORI estará remetendo regularmente novas matérias e artigos sobre o tipo que vem ocorrendo nos órgãos de governos e na iniciativa privada para sejam publicados nas páginas de seu jornal.
Para seu conhecimento, o Sindijori mantém um blog atualizado com notícias de interesse da imprensa mineira. Participe. O endereço é: sindijorimg.blogspot.com
Anote o novo telefone do SINDIJORI: (31) 2512-3895
Cordialmente,
Dermeval Antônio do Carmo Filho
Presidente do Sindijori
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Cachaças de Minas serão premiadas em concurso
No próximo dia 09 de dezembro, no auditório 5 da Universidade UNI-BH, em Belo Horizonte, será divulgado o resultado e serão premiadas as vencedoras do "Concurso Cachaça de Minas 2009 - Medalha Mérito da Qualidade".
52 empresas concorrem com 64 marcas em três categorias: "branca/nova", "armazenada/envelhecida" e "premium". O I Concurso Cachaça de Minas é uma realização da Federação Nacional das Associações dos Produtores de Cachaça de Alambique (FENACA), sob a coordenação da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ). Foi lançado oficialmente no dia 15 de abril deste ano, no auditório da FAEMG, na presença de produtores e diversas autoridades estaduais e municipais. É o primeiro concurso de cachaças realizado no Brasil tendo por base a Lei Geral das Bebidas Alcoólicas e a Lei da Cachaça de Minas, além de conceitos técnico-científicos aceitos e reconhecidos nas áreas de design, sensorial de degustação. Será realizado anualmente
Criado para identificar as melhores marcas de Minas comercializadas hoje, o Concurso tem como objetivos maiores estimular a produção da cachaça de qualidade, dar conhecimento aos apreciadores dos diferentes tipos de cachaças produzidas no Estado e, ainda, estimular a busca dos conhecimentos técnico-científicos em benefício de toda a cadeia produtiva.
As cachaças em concurso foram analisadas por entidades técnicas de reconhecida capacidade. A análise de "Conformidade de Rótulo" ficou a cargo da Fundação Ezequiel Dias (FUNED) e a de "Design/apresentação" coube à Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). As análises "Sensorial" e "Físico-química" foram realizadas respectivamente pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pela Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC). Por solicitação específica dos concorrentes foi realizado também o teste de "Degustação", a cargo de consumidores indicados pelo Clube Mineiro da Cachaça.
As amostras foram encaminhadas às instituições para análise em embalagens padronizadas e devidamente codificadas, sendo que a referencia da codificação permanece sob conhecimento exclusivo da Comissão Organizadora.
O Concurso Cachaça de Minas contou ainda com o apoio e a participação do Governo do Estado de Minas Gerais, da Prefeitura de Belo Horizonte, através da Belotur, do SEBRAE/MG, da Associação Mineira dos Produtores de Cachaça de Qualidade (AMPAQ), da Cooperativa Central dos Produtores de Cachaça de Minas Gerais (COOCEN/MG), do Sindbebidas/MG, do Clube Mineiro da Cachaça, da Universidade Belo Horizonte (UNI-BH), da Distribuidora Savana e da Garrafaria Serra Negra.
AS MARCAS
Branquinha de Minas- Claro dos Poções
Bendita - Cataguases
Jacuba - Coronel Xavier Chaves
Barrosinha - Barroso
Poesia - Munhoz
Mandacaru - João Pinheiro
Bocaiana - Bocaiúva
Coluninha - Coluna
MC da Boa Vista - Barroso
Veredas de Minas - Montes Claros
Diva - Divinopolis
Pirapora - Pirapora
Lucas Batista - Itabirito
Dedo de Prosa - Piranguinho
Velha Serrana - Serro
Beppe - Bueno Brandão
Bueno Brandão - Bueno Brandão
Monte Alvão - Itatiaiuçu
Quebra Canga - Coqueiral
Ladainha - Ladainha
Flor das Gerais - Felixlândia
Da Quinta do Cedro - São Lourenço
Água da Bica - Brumadinho
Aroeirinha - Porto Firme
Velha Aroeira - Porto Firme
Clube Minas - Lagoa Santa
Serra Morena - Belo Vale
Lenda Mineira - Tarumirim
Germana - Nova União -
Severina do Popote - Araçuaí
Chão de Minas - Araçuaí
Camapuã - Entre Rios de Minas
Engenho Doce - Passa Quatro
Topázio - Entre Rios de Minas
Etérea - Entre Rios de Minas
Veio de Minas - João Monlevade
Rainha das Gerais - Curvelo
Século XVIII - Coronel Xavier Chaves
Tombos de Minas - Pedra Dourada
Mata Verde - Pedra Azul
Terra Real - Materlândia
Vira Saia - Amarantina
Colombina - Alvinópolis
Engenheira - Araçuaí
Canônica - Além Paraíba
Áurea Custódio - Ribeirão das Neves
Velha Jacuhy - Jacuí
Embaúba - Jacuí
Jacuhy - Jacuí
Palmeira D´Água - Carandai
Prazer de Minas - Esmeraldas
Freguesia do Carmo - Prata
FICHA TÉCNICA
Resultados e Premiação do "Concurso Cachaça de Minas 2009 - Medalha Mérito da Qualidade".
DIA: 09 de dezembro de 2009
LOCAL: Auditório 5 - Campus Estoril - UNI-BH
ENDEREÇO: Av. Prof. Mário Werneck, 1685 - Estoril - BH/MG
HORA: 19:00 horas
REALIZAÇÃO: Federação Nacional das Associações dos Produtores de Cachaça de Alambique (FENACA)
COORDENAÇÃO: Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ).
EXECUÇÃO: DACAF
INFORMAÇÕES: (31) 3481-5935 - Fenaca
(31) 3468-3084 - Clube Mineiro da Cachaça
52 empresas concorrem com 64 marcas em três categorias: "branca/nova", "armazenada/envelhecida" e "premium". O I Concurso Cachaça de Minas é uma realização da Federação Nacional das Associações dos Produtores de Cachaça de Alambique (FENACA), sob a coordenação da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ). Foi lançado oficialmente no dia 15 de abril deste ano, no auditório da FAEMG, na presença de produtores e diversas autoridades estaduais e municipais. É o primeiro concurso de cachaças realizado no Brasil tendo por base a Lei Geral das Bebidas Alcoólicas e a Lei da Cachaça de Minas, além de conceitos técnico-científicos aceitos e reconhecidos nas áreas de design, sensorial de degustação. Será realizado anualmente
Criado para identificar as melhores marcas de Minas comercializadas hoje, o Concurso tem como objetivos maiores estimular a produção da cachaça de qualidade, dar conhecimento aos apreciadores dos diferentes tipos de cachaças produzidas no Estado e, ainda, estimular a busca dos conhecimentos técnico-científicos em benefício de toda a cadeia produtiva.
As cachaças em concurso foram analisadas por entidades técnicas de reconhecida capacidade. A análise de "Conformidade de Rótulo" ficou a cargo da Fundação Ezequiel Dias (FUNED) e a de "Design/apresentação" coube à Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). As análises "Sensorial" e "Físico-química" foram realizadas respectivamente pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pela Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC). Por solicitação específica dos concorrentes foi realizado também o teste de "Degustação", a cargo de consumidores indicados pelo Clube Mineiro da Cachaça.
As amostras foram encaminhadas às instituições para análise em embalagens padronizadas e devidamente codificadas, sendo que a referencia da codificação permanece sob conhecimento exclusivo da Comissão Organizadora.
O Concurso Cachaça de Minas contou ainda com o apoio e a participação do Governo do Estado de Minas Gerais, da Prefeitura de Belo Horizonte, através da Belotur, do SEBRAE/MG, da Associação Mineira dos Produtores de Cachaça de Qualidade (AMPAQ), da Cooperativa Central dos Produtores de Cachaça de Minas Gerais (COOCEN/MG), do Sindbebidas/MG, do Clube Mineiro da Cachaça, da Universidade Belo Horizonte (UNI-BH), da Distribuidora Savana e da Garrafaria Serra Negra.
AS MARCAS
Branquinha de Minas- Claro dos Poções
Bendita - Cataguases
Jacuba - Coronel Xavier Chaves
Barrosinha - Barroso
Poesia - Munhoz
Mandacaru - João Pinheiro
Bocaiana - Bocaiúva
Coluninha - Coluna
MC da Boa Vista - Barroso
Veredas de Minas - Montes Claros
Diva - Divinopolis
Pirapora - Pirapora
Lucas Batista - Itabirito
Dedo de Prosa - Piranguinho
Velha Serrana - Serro
Beppe - Bueno Brandão
Bueno Brandão - Bueno Brandão
Monte Alvão - Itatiaiuçu
Quebra Canga - Coqueiral
Ladainha - Ladainha
Flor das Gerais - Felixlândia
Da Quinta do Cedro - São Lourenço
Água da Bica - Brumadinho
Aroeirinha - Porto Firme
Velha Aroeira - Porto Firme
Clube Minas - Lagoa Santa
Serra Morena - Belo Vale
Lenda Mineira - Tarumirim
Germana - Nova União -
Severina do Popote - Araçuaí
Chão de Minas - Araçuaí
Camapuã - Entre Rios de Minas
Engenho Doce - Passa Quatro
Topázio - Entre Rios de Minas
Etérea - Entre Rios de Minas
Veio de Minas - João Monlevade
Rainha das Gerais - Curvelo
Século XVIII - Coronel Xavier Chaves
Tombos de Minas - Pedra Dourada
Mata Verde - Pedra Azul
Terra Real - Materlândia
Vira Saia - Amarantina
Colombina - Alvinópolis
Engenheira - Araçuaí
Canônica - Além Paraíba
Áurea Custódio - Ribeirão das Neves
Velha Jacuhy - Jacuí
Embaúba - Jacuí
Jacuhy - Jacuí
Palmeira D´Água - Carandai
Prazer de Minas - Esmeraldas
Freguesia do Carmo - Prata
FICHA TÉCNICA
Resultados e Premiação do "Concurso Cachaça de Minas 2009 - Medalha Mérito da Qualidade".
DIA: 09 de dezembro de 2009
LOCAL: Auditório 5 - Campus Estoril - UNI-BH
ENDEREÇO: Av. Prof. Mário Werneck, 1685 - Estoril - BH/MG
HORA: 19:00 horas
REALIZAÇÃO: Federação Nacional das Associações dos Produtores de Cachaça de Alambique (FENACA)
COORDENAÇÃO: Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ).
EXECUÇÃO: DACAF
INFORMAÇÕES: (31) 3481-5935 - Fenaca
(31) 3468-3084 - Clube Mineiro da Cachaça
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Venda avulsa de jornalões cai a índices surpreendentes
Quando você descobre que a Folha de S.Paulo, considerada um dos três mais influentes jornais do país, vendeu em média 21.849 exemplares diários em bancas em todo o território nacional entre janeiro e setembro de 2009, é possível constatar a abissal queda de circulação na chamada grande imprensa brasileira. Em outubro de 1996, a venda avulsa de uma edição dominical da Folha chegava a 489 mil exemplares.
Por Carlos Castilho, no Observatório da Imprensa*
Fala-se muito na crise das publicações impressas, como jornais e revistas, mas quando se analisa os dados reais percebe-se que a situação é muito mais grave do que imaginamos e que a busca por novos modelos de negócios é ainda mais urgente do que se previa.
Segundo o Instituto Verificador de Circulação (IVC) a Folha é o vigésimo quarto jornal em venda avulsa na lista dos 97 jornais auditados pelo instituto, atrás do Estado de S.Paulo, em 19° lugar e O Globo, em 15° lugar. Somados os três mais influentes jornais brasileiros têm uma venda avulsa de quase 96 mil exemplares diários, o que corresponde a magros 4,45% dos 2.153.891 jornais vendidos diariamente em banca nos primeiros nove meses de 2009.
São números muito pequenos comparados ao prestígio dos três jornalões, responsáveis por boa parte da agenda pública nacional. Globo, Folha e Estado compensam sua baixa venda avulsa com um considerável número de assinantes, o que configura a seguinte situação: os três jornais dependem mais do que nunca das classes A e B, que são maioria absoluta entre os assinantes, já que a população de menor renda é a principal cliente nas compras avulsas em bancas.
Esta constatação não é nova, mas ela aponta um dilema crucial: as classes A e B são aquelas onde a penetração informativa da internet é mais intensa. Nesta conjuntura, o futuro de O Globo, Estado e Folha depende umbilicalmente das classes média e alta, o que levou a uma disputa acirrada para saber qual deles interpreta melhor a ideologia destes segmentos sociais.
O atual perfil da imprensa brasileira mostra que os três grandes jornais nacionais agarram-se à classe média para manter assinantes e influenciar na agenda política do país, mesmo com tiragens reduzidíssimas, correspondentes a menos de 5% da média da venda avulsa nacional.
Nos últimos nove meses houve uma pequena recuperação nos índices de venda avulsa do Globo, Estado e Folha em 2009. O IVC registrou um crescimento de 5,5 % em relação aos quatro últimos meses do ano passado. É um aumento bem acima da média dos 97 jornais auditados pelo IVC, cuja venda avulsa diária total subiu insignificantes 0,27% no mesmo período. Mas a recuperação tem que ser vista num contexto de patamares muito baixos e que não garantem a rentabilidade futura dos jornais.
Em compensação os jornais locais e populares ocupam um espaço cada vez maior na mídia nacional. Dos dez jornais com maior venda avulsa, segundo dados do IVC, nove são claramente populares, voltados para as classes C e D. Destes, dois são de Minas Gerais, um do Rio Grande do Sul, cinco do Rio e dois de São Paulo. Somados eles chegam a uma venda avulsa diária média de 1.401.054 exemplares, ou seja 64,5% de todos os jornais auditados entre janeiro e setembro do ano passado.
O jornal Super Notícia, de Belo Horizonte, vende em bancas, em média, 290.047 exemplares (13,47% de todos os jornais auditados pelo IVC) - o que corresponde a cerca de 13,2 vezes a circulação avulsa da Folha de S.Paulo, em todo o país. Números que indicam uma clara tendência do mercado da venda avulsa de jornais no sentido das publicações populares, regionais, com apelo sensacionalista.
Isto também significa que os grandes jornais, tradicionais vitrines da agenda nacional, dependem, hoje, mais do prestígio herdado do passado do que do fluxo de caixa. A sua principal matéria prima, a notícia, perdeu valor de mercado em favor da opinião. Um prestígio que ainda alimenta uma receita publicitária compensadora, principalmente no setor imobiliário, de supermercados e revendas de automóveis, mas cujos dias também estão contados porque a migração destes segmentos para a internet é cada vez maior.
O conglomerado Globo aposta cada vez mais nos jornais populares regionais e segmentados - como o Extra, no Rio. Talvez busque inspiração no caso do Lance!, um jornal esportivo que vende, na média diária, 124 mil exemplares em bancas e jornaleiros. No sul, o grupo RBS aposta no Diário Gaúcho, o terceiro em vendas avulsas no ranking nacional do IVC e 8,4 vezes maior do que a do carro chefe do conglomerado, o jornal Zero Hora.
Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Propostas democráticas para a imprensa
Na reta final da preparação da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), marcada para os dias 14, 15 e 16 de dezembro, os milhares de participantes das suas etapas municipais e estaduais avançam na construção de propostas concretas para democratizar este setor estratégico. Além do diagnóstico dos danos causados pela ditadura midiática, os envolvidos neste processo pedagógico de discussão formulam idéias de políticas públicas e de regulamentação dos meios de comunicação.
Elas partem de duas premissas básicas. A primeira é de que a comunicação deve ser encarada como um direito humano essencial na atualidade. Deixada à selvageria do “deus-mercado”, a mídia privada manipula informações e deforma comportamentos, causando inevitáveis males à sociedade. A segunda é de que a comunicação é um requisito da democracia. Não há como avançar na democracia no país sem democratizar os meios de comunicação. Neste sentido, as propostas procuram unificar o campo popular e democrático em torno de sete exigências:
1- Fortalecer a rede pública de comunicação;
2- Regulamentar as concessões públicas ao setor privado;
3- Adotar políticas públicas de incentivo à radiodifusão comunitária;
4- Instituir um programa nacional de inclusão digital – banda larga para todos;
5- Revisar os critérios da publicidade oficial;
6- Instituir mecanismos de participação democrática da sociedade;
7- Elaborar um novo marco regulatório para o setor.
Extraído do blog do Altamiro Borges ((www.vermelho.org.br/blogs/altamiroborges/)
Elas partem de duas premissas básicas. A primeira é de que a comunicação deve ser encarada como um direito humano essencial na atualidade. Deixada à selvageria do “deus-mercado”, a mídia privada manipula informações e deforma comportamentos, causando inevitáveis males à sociedade. A segunda é de que a comunicação é um requisito da democracia. Não há como avançar na democracia no país sem democratizar os meios de comunicação. Neste sentido, as propostas procuram unificar o campo popular e democrático em torno de sete exigências:
1- Fortalecer a rede pública de comunicação;
2- Regulamentar as concessões públicas ao setor privado;
3- Adotar políticas públicas de incentivo à radiodifusão comunitária;
4- Instituir um programa nacional de inclusão digital – banda larga para todos;
5- Revisar os critérios da publicidade oficial;
6- Instituir mecanismos de participação democrática da sociedade;
7- Elaborar um novo marco regulatório para o setor.
Extraído do blog do Altamiro Borges ((www.vermelho.org.br/blogs/altamiroborges/)
O apagão da imprensa
É verdade que metade do país ficar às escuras durante período que variou de alguns minutos a cerca de quatro horas é um fato que precisa ser esclarecido tanto quanto foi tantas outras vezes durante o governo Lula, quando tentaram, uma e outra vez, exatamente como agora, jogar nas costas deste governo a culpa por um novo desastre de planejamento e fiscalização igual ao desastre ocorrido durante a privataria tucana do setor elétrico.
Por Eduardo Guimarães, no blog Cidadania.com
Nunca colou. E agora tampouco irá colar simplesmente porque a fórmula é sempre a mesma, de tentar fazer as pessoas acreditarem que alguns minutos ou horas de blecaute equivaleriam a quase um ano de racionamento de energia elétrica e arrocho no bolso dos consumidores.
A mídia veio com fúria. A Globo News não teve outro assunto o dia inteiro. Os âncoras dos telejornais com cenhos franzidos e lábios apertados comunicavam que acontecera num só dia o que aconteceu no Brasil entre 1999 e 2002 (cerca de TRÊS anos).
Como foi fartamente explicado, apesar de o sistema de segurança contra algum efeito dominó na distribuição de energia elétrica ter titubeado, até que surja prova em contrário nada autoriza dizer que esse sistema é frágil. Pode não voltar a acontecer por anos. Pode mesmo ter sido uma fatalidade. E pode não ser...
Se não for, se um problema houver, haverá todo tempo do mundo para culpar o governo e cobrar explicações. Mas a pressa é muito grande. É preciso explorar ao máximo o ocorrido enquanto está fresco na memória das pessoas. Com sorte, algumas menos dotadas intelectualmente virão a introjetar a idéia de que houve um apagão no governo Lula. A aposta é na burrice.
E, para refrescar a memória de vocês — e “deles” —, reproduzo, abaixo, artigo de Luciano Martins Costa no Observatório da Imprensa. E lhes dou um conselho: dêem uma olhadinha na data.
*
Por Luciano Martins Costa no Observatório da Imprensa em 10/1/2008
Comentário para o programa radiofônico do Observatório da Imprensa de 10/1/2008
Os grandes jornais brasileiros trazem na quinta-feira (10/1) uma cobertura desigual sobre a questão da energia. Enquanto o Estado de S.Paulo e a Folha destacam declarações do ministro interino das Minas e Energia, o Globo afirma que só a ocorrência de chuvas ainda em janeiro poderia evitar a necessidade de racionamento. A imprensa já fala em "apagão".
Os jornais dividiram o assunto entre suas seções de Política e Economia, o que ajuda o leitor a entender melhor o assunto, mas deram destaque exagerado ao aspecto político. O Estadão, por exemplo, aposta que existe uma "crise elétrica" e que ela põe em risco a entrega do Ministério das Minas e Energia ao peemedebista Edison Lobão, apadrinhado do senador José Sarney.
Embora tenha maior destaque, a questão política tem pouco valor para os leitores — cansados de saber que, com ou sem crise, Sarney vai manter sua quota de protegidos no governo. Aliás, em qualquer governo.
Corte no consumo
A Folha e o Globo também se prenderam exageradamente ao desentendimento entre o ministro interino e o presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica. O presidente da Aneel havia afirmado que não é impossível a necessidade de racionamento ainda neste ano, e foi desmentido pelo ministro.
Apesar disso, o tom geral do noticiário é alarmista. A palavra "apagão" aparece em todos os jornais, invocando o fantasma de 2001, quando o Brasil passou por um racionamento compulsório que durou até fevereiro de 2002.
Na ocasião, os maiores reservatórios do sistema interligado nacional estavam se esvaziando rapidamente e havia insuficiente investimento em geração e distribuição de energia. Durante a crise de 2001, a imprensa substituiu sabiamente o noticiário alarmista por recomendações técnicas, e a população brasileira aderiu a uma campanha de economia, cortando em média 20% no consumo de eletricidade.
Um dos resultados mais evidentes foi o quase desaparecimento do freezer de uso doméstico. Durante o racionamento, as famílias descobriram que o freezer gasta muita energia e se tornou menos útil porque, com a queda da inflação, não é mais necessário estocar alimentos. Segundo a Eletrobrás, 23% dos domicílios brasileiros ainda possuem freezer, mas 25% deles estão desligados desde 2001.
TV desligada
A imprensa bem que podia se antecipar a qualquer possibilidade de crise e começar já a informar a população sobre como economizar energia. A primeira medida recomendada é substituir o chuveiro elétrico ou fazer um uso mais racional dele. A segunda é desligar a televisão de vez em quando. Mais de 97% dos lares brasileiros possuem um aparelho de TV, que costuma permanecer ligado de manhã até à noite, mesmo sem ninguém diante dele. Difícil vai ser convencer as emissoras de televisão a recomendar que a televisão seja desligada.
Por Eduardo Guimarães, no blog Cidadania.com
Nunca colou. E agora tampouco irá colar simplesmente porque a fórmula é sempre a mesma, de tentar fazer as pessoas acreditarem que alguns minutos ou horas de blecaute equivaleriam a quase um ano de racionamento de energia elétrica e arrocho no bolso dos consumidores.
A mídia veio com fúria. A Globo News não teve outro assunto o dia inteiro. Os âncoras dos telejornais com cenhos franzidos e lábios apertados comunicavam que acontecera num só dia o que aconteceu no Brasil entre 1999 e 2002 (cerca de TRÊS anos).
Como foi fartamente explicado, apesar de o sistema de segurança contra algum efeito dominó na distribuição de energia elétrica ter titubeado, até que surja prova em contrário nada autoriza dizer que esse sistema é frágil. Pode não voltar a acontecer por anos. Pode mesmo ter sido uma fatalidade. E pode não ser...
Se não for, se um problema houver, haverá todo tempo do mundo para culpar o governo e cobrar explicações. Mas a pressa é muito grande. É preciso explorar ao máximo o ocorrido enquanto está fresco na memória das pessoas. Com sorte, algumas menos dotadas intelectualmente virão a introjetar a idéia de que houve um apagão no governo Lula. A aposta é na burrice.
E, para refrescar a memória de vocês — e “deles” —, reproduzo, abaixo, artigo de Luciano Martins Costa no Observatório da Imprensa. E lhes dou um conselho: dêem uma olhadinha na data.
*
Por Luciano Martins Costa no Observatório da Imprensa em 10/1/2008
Comentário para o programa radiofônico do Observatório da Imprensa de 10/1/2008
Os grandes jornais brasileiros trazem na quinta-feira (10/1) uma cobertura desigual sobre a questão da energia. Enquanto o Estado de S.Paulo e a Folha destacam declarações do ministro interino das Minas e Energia, o Globo afirma que só a ocorrência de chuvas ainda em janeiro poderia evitar a necessidade de racionamento. A imprensa já fala em "apagão".
Os jornais dividiram o assunto entre suas seções de Política e Economia, o que ajuda o leitor a entender melhor o assunto, mas deram destaque exagerado ao aspecto político. O Estadão, por exemplo, aposta que existe uma "crise elétrica" e que ela põe em risco a entrega do Ministério das Minas e Energia ao peemedebista Edison Lobão, apadrinhado do senador José Sarney.
Embora tenha maior destaque, a questão política tem pouco valor para os leitores — cansados de saber que, com ou sem crise, Sarney vai manter sua quota de protegidos no governo. Aliás, em qualquer governo.
Corte no consumo
A Folha e o Globo também se prenderam exageradamente ao desentendimento entre o ministro interino e o presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica. O presidente da Aneel havia afirmado que não é impossível a necessidade de racionamento ainda neste ano, e foi desmentido pelo ministro.
Apesar disso, o tom geral do noticiário é alarmista. A palavra "apagão" aparece em todos os jornais, invocando o fantasma de 2001, quando o Brasil passou por um racionamento compulsório que durou até fevereiro de 2002.
Na ocasião, os maiores reservatórios do sistema interligado nacional estavam se esvaziando rapidamente e havia insuficiente investimento em geração e distribuição de energia. Durante a crise de 2001, a imprensa substituiu sabiamente o noticiário alarmista por recomendações técnicas, e a população brasileira aderiu a uma campanha de economia, cortando em média 20% no consumo de eletricidade.
Um dos resultados mais evidentes foi o quase desaparecimento do freezer de uso doméstico. Durante o racionamento, as famílias descobriram que o freezer gasta muita energia e se tornou menos útil porque, com a queda da inflação, não é mais necessário estocar alimentos. Segundo a Eletrobrás, 23% dos domicílios brasileiros ainda possuem freezer, mas 25% deles estão desligados desde 2001.
TV desligada
A imprensa bem que podia se antecipar a qualquer possibilidade de crise e começar já a informar a população sobre como economizar energia. A primeira medida recomendada é substituir o chuveiro elétrico ou fazer um uso mais racional dele. A segunda é desligar a televisão de vez em quando. Mais de 97% dos lares brasileiros possuem um aparelho de TV, que costuma permanecer ligado de manhã até à noite, mesmo sem ninguém diante dele. Difícil vai ser convencer as emissoras de televisão a recomendar que a televisão seja desligada.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Caixa dois de tucano é chique: "Coleta irregular de verbas"
As verbas estavam andando, dando sopa, quando o Azeredo passou, viu e fez a coleta.
Foi irregular, já que ele fez a coleta depois do horário. Irregular como é irregular atrasar para um compromisso, por exemplo. Não foi crime, nem contravenção. Essas coisas acontecem.
Quando chegar a vez do Zé Dirceu, vão trazer de volta a "quadrilha", a "corrupção" e o "PT" às manchetes.
Eduardo Azeredo, senador do PSDB de Minas Gerais, ex-presidente do partido, que testemunhou a gênese do esquema? Bem, aí a denúncia é "confusa" e o esquema "teria funcionado".
Lembram-se?
(Blog do Azenha: www.viomundo.com.br)
Foi irregular, já que ele fez a coleta depois do horário. Irregular como é irregular atrasar para um compromisso, por exemplo. Não foi crime, nem contravenção. Essas coisas acontecem.
Quando chegar a vez do Zé Dirceu, vão trazer de volta a "quadrilha", a "corrupção" e o "PT" às manchetes.
Eduardo Azeredo, senador do PSDB de Minas Gerais, ex-presidente do partido, que testemunhou a gênese do esquema? Bem, aí a denúncia é "confusa" e o esquema "teria funcionado".
Lembram-se?
(Blog do Azenha: www.viomundo.com.br)
Assembléia de Minas e a midia
É de nosso conhecimento que a Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais vem programando a publicidade diretamente com as emissoras de radio e com os jornais do interior de Minas, além de outras mídias.
Tal procedimento fere a Lei 4.680/65 e os decretos de nºs 57.690/66 e 2.262/97, que regem a atividade publicitária.
Desta forma, a Assembleia de Minas deixa de fora da mídia governamental vários jornais e revistas de nosso estado. As veiculações são feitas através de indicações políticas, ferem os preceitos constitucionais da impessoalidade e da moralidade, e atentam contra a própria liberdade de imprensa.
Pelas razões expostas estamos solicitando aos veículos de comunicação do interior de Minas que fiquem atentos e lutem pelos seus direitos junto aqueles que querem usar recursos públicos em proveito de alguns poucos e contra a democracia.
Tal procedimento fere a Lei 4.680/65 e os decretos de nºs 57.690/66 e 2.262/97, que regem a atividade publicitária.
Desta forma, a Assembleia de Minas deixa de fora da mídia governamental vários jornais e revistas de nosso estado. As veiculações são feitas através de indicações políticas, ferem os preceitos constitucionais da impessoalidade e da moralidade, e atentam contra a própria liberdade de imprensa.
Pelas razões expostas estamos solicitando aos veículos de comunicação do interior de Minas que fiquem atentos e lutem pelos seus direitos junto aqueles que querem usar recursos públicos em proveito de alguns poucos e contra a democracia.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Aécio entre a presidência e as baladas
Não quero entrar na querela Aécio Neves com a namorada, se bateu ou não bateu. É coisa menor. Ele estava em uma festa, se envolveu com uma modelo americana que estava bêbada. Daí a extrapolar, supondo ser ele um sujeito violento na relação com mulheres, ou ser uma cópia de Fernando Collor, vai uma imensa distância.
O ponto central é outro.
Pessoas a quem o destino confere a possibilidade de ser candidato a governar o país, abdicam da vida pessoal. É responsabilidade demais, é honra demais conferida a uma pessoa a de poder influir na vida de quase 200 milhões de conterrâneos, ter um lugar na história. Por isso, esse objetivo é colocado acima de qualquer outro.
Foi assim com FHC, com Lula, com Dilma e tem sido assim a vida toda do José Serra.
Quando o escolhido não consegue abrir mão dos prazeres mais banais, expondo-se dessa maneira, é porque não tem vocação pública. E vocação pública não é artigo que se adquire na hora.
Aécio sabe que sua vida pessoal seria alvo de ataques de toda ordem. Todo o mundo político sabe que essa jovem irresponsabilidade de baladeiro cinquentão poderia afetar sua imagem de político. O episódio que apareceu é de menor importância, mas demonstra o descuido indesculpável para quem ambiciona a presidência da República.
(Blog do Nassif: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/)
O ponto central é outro.
Pessoas a quem o destino confere a possibilidade de ser candidato a governar o país, abdicam da vida pessoal. É responsabilidade demais, é honra demais conferida a uma pessoa a de poder influir na vida de quase 200 milhões de conterrâneos, ter um lugar na história. Por isso, esse objetivo é colocado acima de qualquer outro.
Foi assim com FHC, com Lula, com Dilma e tem sido assim a vida toda do José Serra.
Quando o escolhido não consegue abrir mão dos prazeres mais banais, expondo-se dessa maneira, é porque não tem vocação pública. E vocação pública não é artigo que se adquire na hora.
Aécio sabe que sua vida pessoal seria alvo de ataques de toda ordem. Todo o mundo político sabe que essa jovem irresponsabilidade de baladeiro cinquentão poderia afetar sua imagem de político. O episódio que apareceu é de menor importância, mas demonstra o descuido indesculpável para quem ambiciona a presidência da República.
(Blog do Nassif: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/)
Aécio e Serra: quem é o agressor?
O colunista esportivo Juca Kfouri, amigo intimo do governador José Serra – costumam assistir partidas de futebol juntos, segundo outra chegada, a ex-vereadora Soninha –, embolou de vez o meio de campo tucano para a eleição presidencial. Ele postou a seguinte denúncia em seu blog: “Aécio Neves, o governador tucano de Minas Gerais, que luta para ter o jogo inaugural da Copa do Mundo em 2014, em Belo Horizonte, deu um empurrão e um tapa em sua companheira no domingo passado, numa festa da Calvin Klein, no Hotel Fasano, no Rio de Janeiro”.
Irritado, o governador mineiro retrucou de imediato: “Isso é uma aleivosia tão grande. Eu me sinto, claro, pessoalmente ofendido por isso, mas prefiro até nem comentar para não validar algo tão distante da minha prática cotidiana. Sempre fiz política e vou continuar fazendo num patamar muito superior a esse. E o que eu posso dizer é que é uma calúnia vergonhosa”. Sua namorada, Letícia Weber, também rechaçou a acusação e alguns parlamentares tucanos já saíram em defesa de Aécio Neves, insinuando que a acusação teria mesquinhos interesses político-eleitorais.
A mídia e a cortina de silêncio
Apesar do rápido desmentido, Kfouri manteve sua denúncia. Ele citou uma postagem do blog de Joyce Pascowitch, que noticiou o crime, sem apontar o criminoso. “Um dos convidados mais importantes e famosos da festa que o estilista Francisco Costa, da Calvin Klein, deu na piscina do hotel Fasano, nesse domingo, acabou estrelando uma cena que deixou todos os convidados constrangidos. Visivelmente alterado, ele deu um tapa na moça que o acompanhava – namorada dele há algum tempo. Ela caiu no chão, levantou e revidou a agressão. A platéia era grande e alguns chegaram a separar o casal para apartar a briga. O clima, claro, ficou muito pesado”.
E numa entrevista nada esportiva ao blog do antenado jornalista Renato Rovai, Kfouri colocou ainda mais lenha na fogueira:
Rovai: Quando você recebeu a informação de que essa agressão havia ocorrido?
Kfouri: Recebi no sábado pela manhã um e-mail contando a história e comentando uma nota da Joyce Pascowitch. Vi que o assunto tinha sido tratado pela Barbara Gancia no Twitter e aí fui atrás da informação. Conversei com uma pessoa que foi na festa e que disse que estava a cinco metros do acontecido, tendo visto a moça tomar um tapa e cair no chão. Contou ainda que a viu se levantar e reagir indo pra cima dele.
Rovai: Você confirmou a história com outras pessoas ou confiou plenamente na sua fonte?
Kfouri: Antes de dar a nota fiz quatro ou cinco ligações pra festeiros cariocas amigos meus e todos me confirmaram a história, apesar de não terem visto a cena.
Rovai: Você diz em seu blog que a imprensa brasileira não pode repetir com nenhum candidato a candidato a presidência da República a cortina de silêncio que cercou Fernando Collor, embora seus hábitos fossem conhecidos. É possível ser mais claro em relação a essa frase.
Kfouri: É isso mesmo que você está pensando, Renato. Circulam mil histórias em relação ao Aécio, histórias que, aliás, o Mineirão canta em coro [durante a partida Brasil e Argentina, no ano passado, parte da torcida presente entoou o coro “Ô Maradona, vai se f..., o Aécio cheira mais do que você"]. Acho que a imprensa tem obrigação de investigar isso, como deveria ter feito o mesmo em relação ao caçador de marajás. Isso não pode ser tratado como coisa menor, como algo regional.
Rovai: Há muito especulação de que a informação poderia ter partido de algum tucano relacionado ao governador Serra, o que você tem a dizer sobre isso?
Kfouri: Não é verdade. Não falei com nenhum tucano a respeito do assunto, conversei apenas com os festeiros cariocas, que confirmaram a história.
“Os bons amigos na imprensa”
Juca Kfouri nega qualquer digital de José Serra na bombástica acusação, mas há quem duvide. Tanto ele como Joyce Pascowitch nunca esconderam suas ligações com o governador paulista. Afora isso, são bem conhecidas as técnicas maldosas deste grão-tucano contra seus adversários. José Sarney, presidente do Senado, até hoje não perdoa Serra pela onda de denúncias contra sua filha, que abortaram a candidatura presidencial de Roseana Sarney em 2002. Geraldo Alckmin também não engoliu as revelações sobre o seu envolvimento com a seita direitista Opus Dei, que vazaram do Palácio dos Bandeirantes durante a rinha tucana para as eleições de 2006.
Como aponta o jornalista Rodrigo Vianna, a denúncia de Kfouri “serve aos interesses de Serra. Não quero dizer com isso que Juca esteja a serviço da candidatura Serra. Longe de mim levar o leitor a esse tipo de conclusão. Mas é estranho... A nota de Juca, do que jeito que foi redigida, cumpre (involuntariamente?) um papel importante. Manda a Aécio o recado: ‘Você tem telhado de vidro, se botar as manguinhas de fora, virá pancada pra valer’... Serra manda recados através da imprensa. Conta com bons amigos para isso”.
“O paranóico e vingativo" tucano
No mesmo rumo, o blogueiro Luiz Antonio Magalhães foi ainda mais taxativo. Para ele, não há dúvida sobre a maldade do governador paulista, “especialmente pelo fato da bomba estourar bem no momento em que Aécio decidiu partir para o confronto com Serra pela vaga presidenciável tucana em 2010... Serra joga pesado, sim, as paredes do Bandeirantes sabem direitinho o quão paranóico e vingativo o governador de São Paulo é... E é bom mesmo Aécio ficar bem esperto, porque o vazamento do tal tapinha deve ser só o começo da ‘desconstrução da imagem’ do governador mineiro, como gostam de dizer os chiques tucanos paulistas”.
As duas hipotéticas agressões – a de Aécio contra a namorada e a de Serra contra Aécio – podem bagunçar de vez o ninho tucano e dificultar as pretensões do bloco neoliberal-conservador para a sucessão de 2010. O partido do rejeitado FHC já estava sem discurso e sem proposta, desesperado com a crescente popularidade de Lula. Agora ainda terá que resolver a sua rinha interna.
(Blog do Miro: http://altamiroborges.blogspot.com)
Irritado, o governador mineiro retrucou de imediato: “Isso é uma aleivosia tão grande. Eu me sinto, claro, pessoalmente ofendido por isso, mas prefiro até nem comentar para não validar algo tão distante da minha prática cotidiana. Sempre fiz política e vou continuar fazendo num patamar muito superior a esse. E o que eu posso dizer é que é uma calúnia vergonhosa”. Sua namorada, Letícia Weber, também rechaçou a acusação e alguns parlamentares tucanos já saíram em defesa de Aécio Neves, insinuando que a acusação teria mesquinhos interesses político-eleitorais.
A mídia e a cortina de silêncio
Apesar do rápido desmentido, Kfouri manteve sua denúncia. Ele citou uma postagem do blog de Joyce Pascowitch, que noticiou o crime, sem apontar o criminoso. “Um dos convidados mais importantes e famosos da festa que o estilista Francisco Costa, da Calvin Klein, deu na piscina do hotel Fasano, nesse domingo, acabou estrelando uma cena que deixou todos os convidados constrangidos. Visivelmente alterado, ele deu um tapa na moça que o acompanhava – namorada dele há algum tempo. Ela caiu no chão, levantou e revidou a agressão. A platéia era grande e alguns chegaram a separar o casal para apartar a briga. O clima, claro, ficou muito pesado”.
E numa entrevista nada esportiva ao blog do antenado jornalista Renato Rovai, Kfouri colocou ainda mais lenha na fogueira:
Rovai: Quando você recebeu a informação de que essa agressão havia ocorrido?
Kfouri: Recebi no sábado pela manhã um e-mail contando a história e comentando uma nota da Joyce Pascowitch. Vi que o assunto tinha sido tratado pela Barbara Gancia no Twitter e aí fui atrás da informação. Conversei com uma pessoa que foi na festa e que disse que estava a cinco metros do acontecido, tendo visto a moça tomar um tapa e cair no chão. Contou ainda que a viu se levantar e reagir indo pra cima dele.
Rovai: Você confirmou a história com outras pessoas ou confiou plenamente na sua fonte?
Kfouri: Antes de dar a nota fiz quatro ou cinco ligações pra festeiros cariocas amigos meus e todos me confirmaram a história, apesar de não terem visto a cena.
Rovai: Você diz em seu blog que a imprensa brasileira não pode repetir com nenhum candidato a candidato a presidência da República a cortina de silêncio que cercou Fernando Collor, embora seus hábitos fossem conhecidos. É possível ser mais claro em relação a essa frase.
Kfouri: É isso mesmo que você está pensando, Renato. Circulam mil histórias em relação ao Aécio, histórias que, aliás, o Mineirão canta em coro [durante a partida Brasil e Argentina, no ano passado, parte da torcida presente entoou o coro “Ô Maradona, vai se f..., o Aécio cheira mais do que você"]. Acho que a imprensa tem obrigação de investigar isso, como deveria ter feito o mesmo em relação ao caçador de marajás. Isso não pode ser tratado como coisa menor, como algo regional.
Rovai: Há muito especulação de que a informação poderia ter partido de algum tucano relacionado ao governador Serra, o que você tem a dizer sobre isso?
Kfouri: Não é verdade. Não falei com nenhum tucano a respeito do assunto, conversei apenas com os festeiros cariocas, que confirmaram a história.
“Os bons amigos na imprensa”
Juca Kfouri nega qualquer digital de José Serra na bombástica acusação, mas há quem duvide. Tanto ele como Joyce Pascowitch nunca esconderam suas ligações com o governador paulista. Afora isso, são bem conhecidas as técnicas maldosas deste grão-tucano contra seus adversários. José Sarney, presidente do Senado, até hoje não perdoa Serra pela onda de denúncias contra sua filha, que abortaram a candidatura presidencial de Roseana Sarney em 2002. Geraldo Alckmin também não engoliu as revelações sobre o seu envolvimento com a seita direitista Opus Dei, que vazaram do Palácio dos Bandeirantes durante a rinha tucana para as eleições de 2006.
Como aponta o jornalista Rodrigo Vianna, a denúncia de Kfouri “serve aos interesses de Serra. Não quero dizer com isso que Juca esteja a serviço da candidatura Serra. Longe de mim levar o leitor a esse tipo de conclusão. Mas é estranho... A nota de Juca, do que jeito que foi redigida, cumpre (involuntariamente?) um papel importante. Manda a Aécio o recado: ‘Você tem telhado de vidro, se botar as manguinhas de fora, virá pancada pra valer’... Serra manda recados através da imprensa. Conta com bons amigos para isso”.
“O paranóico e vingativo" tucano
No mesmo rumo, o blogueiro Luiz Antonio Magalhães foi ainda mais taxativo. Para ele, não há dúvida sobre a maldade do governador paulista, “especialmente pelo fato da bomba estourar bem no momento em que Aécio decidiu partir para o confronto com Serra pela vaga presidenciável tucana em 2010... Serra joga pesado, sim, as paredes do Bandeirantes sabem direitinho o quão paranóico e vingativo o governador de São Paulo é... E é bom mesmo Aécio ficar bem esperto, porque o vazamento do tal tapinha deve ser só o começo da ‘desconstrução da imagem’ do governador mineiro, como gostam de dizer os chiques tucanos paulistas”.
As duas hipotéticas agressões – a de Aécio contra a namorada e a de Serra contra Aécio – podem bagunçar de vez o ninho tucano e dificultar as pretensões do bloco neoliberal-conservador para a sucessão de 2010. O partido do rejeitado FHC já estava sem discurso e sem proposta, desesperado com a crescente popularidade de Lula. Agora ainda terá que resolver a sua rinha interna.
(Blog do Miro: http://altamiroborges.blogspot.com)
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Realidade pelo avesso: William Bonner e a democratização da mídia
O apresentar do Jornal Nacional da Globo, William Bonner, falou barbaridades em conferência na Universidade de Brasília. Indagado sobre a necessidade de democratização das comunicações no Brasil, indagou, na cara de pau, "Que democratização?"
Por César Fonseca*, no Observatório da Imprensa
Já existem seis empresas que disputam o mercado, acrescentou. Seria o bastante, na sua opinião, para configurar a democratização. Seis redes de TV, seis partidos políticos. Está bom demais. Freud tinha razão. As palavras servem para esconder o pensamento.
Estão os representantes da grande mídia e seus funcionários de elite tentando ler a realidade latino-americana, nesse momento, pelo avesso. Bombardearam os noticiários e os editoriais, nas últimas semanas, contra o projeto de lei, aprovado no Congresso argentino, sobre a limitação da concessão para os grupos privados oligopolizados. Está sendo um Deus nos acuda a reação do pessoal.
Depois de vários meses, quase um ano, de debate, em todos os segmentos da sociedade portenha, a lei ganhou perfil altamente democrático. Quem lê e vê a grande mídia ficou sabendo que os Kirchners, peronistas ditatoriais, armaram uma legislação na calada da noite para calar o Clarín, repeteco do pensamento do poder midiático brasileiro e sul-americano, historicamente aliado às elites que resistem à modernização política na América Latina.
Tremenda ditadura predomina na Argentina. O Congresso, sob pressão irresistível da Casa Rosada, rendeu-se aos ditadores eleitos pelo povo. Tenta-se vender a mentira. O professor Venício de Lima, da Universidade de Brasília, um dos maiores especialistas em mídia sul-americana, esteve na Argentina e declarou no VerTevê, comandado pelo repórter Lalo Leal, que nunca viu tanta democracia em sua vida por ocasião dos debates sobre o destino da comunicação na terra dos hermanos.
Lucro contrasta com o coletivo
O unilateralismo midiático privatizou o Ministério das Comunicações durante a Nova República. Aos amigos foi dado tudo e mais alguma coisa. Os movimentos sociais, no entanto, seguiram organizados para fazer valer o texto constitucional, favorável à democratização. Os ditadores cercaram os democratas. Avançam em toda a América do Sul e, agora, na América do Norte.
Trata-se de por os pingos nos is. Não é a ditadura que está avançando, mas a democracia. Assim como nasceu o conceito de propriedade como inversão da exclusão da propriedade na formação do capitalismo inglês, a partir do século 16, com a destruição da propriedade dos agricultores para inaugurar a propriedade do capital e a transformação do trabalhador em assalariado, do mesmo modo ergueu-se o conceito de democracia midiática, ancorado no preceito ideológico da igualdade jurídica que corresponde, dialeticamente, à desigualdade social.
A tese da democracia das sete irmãs levantou à antítese da proposta de democratização geral, com mudança nos critérios públicos, para distribuição da informação a toda a sociedade. O neoliberalismo radical criou o partido do pensamento único, segundo o qual a verdade está na liberdade do capital, inaugurada pela economia política de Adam Smith, da mão invisível do mercado.
Smith baseou sua descoberta na Fábula das Abelhas, de Mandeville, em 1714. Observando o comportamento das abelhas, destacou que cada uma trabalha para si, por interesse próprio, para realizar uma obra coletiva. Os interesses particulares, seguiu na mesma trilha Adam Smith, seriam os motivos para cada um exercitar seu potencial, gerando um todo coletivo.
Esqueceu de destacar que entre as abelhas o critério do interesse particular não é o lucro, mas a distribuição comum do produto, enquanto entre os humanos racionais, o lucro, como expressão do interesse próprio, é essencial, e ao ser eleito prioridade contrasta com o coletivo.
O espaço midiático
A leitura é inversa. Marx destacou que a busca do lucro, na coletividade das abelhas humanas racionais, cria o fenômeno subconsumista, expresso na crônica insuficiência relativa de demanda global que joga o capitalismo nas crises recorrentes de sobreacumulação de capital, de um lado, e sobre-exclusão social, de outro, até que tudo imploda, como aconteceu na grande crise de 2008.
O modelo neoliberal das abelhas midiáticas está implodindo. A erosão desse poder dá a sensação, aos empresários do setor, de expropriação de sua propriedade, quando, na verdade, o que está sendo sinalizado pelo rompimento no neoliberalismo esquizofrênico, é a democratização da propriedade mídiático.
Portanto, 33% para o setor público; 33% para as comunidades e 33% para o setor privado na exploração do espaço midiático eletrônico nacional, sob estrito controle social. Se cumpriu bem a tarefa, ótimo; se não, cassação da concessão. É essa a ditadura que o Congresso tem que aplicar em cima do Partido Único Midiático Anti-Nacional Anti-Republicano. A Conferência Nacional de Comunicação vem aí para dar conteúdo mais real ao processo midiático nacional.
* César Fonseca é jornalista
Tsunami atinge a imprensa
O Sindijori reproduz o artigo de Ignácio Ramonte, veiculado originalmente no site da Agência Carta Maior:
A IMPRENSA DIÁRIA ESTÁ MORRENDO?
O que é que agrava tão letalmente a velha decadência da imprensa escrita quotidiana? Um fator conjuntural: a crise econômica global que provoca a redução da publicidade e a restrição do crédito. E que, no momento mais inoportuno, se veio somar aos males estruturais do setor: a mercantilização da informação, o apego à publicidade, a perda de credibilidade, a queda de assinantes, a competência da imprensa gratuita, o envelhecimento dos leitores… Dezenas de diários estão em queda. Nos Estados Unidos já fecharam pelo menos cento e vinte. E o tsunami golpeia agora a Europa. O artigo é de Ignácio Ramonet. (Carta Maior)
Ignácio Ramonet
O desastre é enorme. Dezenas de diários estão em queda. Nos Estados Unidos já fecharam pelo menos cento e vinte. E o tsunami golpeia agora a Europa. Nem sequer se salvam os outrora considerados `jornais de referência`: El País na Espanha, Le Monde na França, The Times e The Independent no Reino Unido, Corriere della Sera e La Repubblica na Itália, etc.
Todos eles acumulam fortes perdas econômicas, baixa da difusão e queda da publicidade (1).
O prestigiado New York Times teve que solicitar a ajuda do milionário mexicano Carlos Slim; a empresa editora de The Chicago Tribune e de Los Angeles Times, assim como a Hearst Corporation, dona do San Francisco Chronicle, caíram na bancarrota; News Corp, o poderoso grupo multimédia de Rupert Murdoch que publica o Wall Street Journal, apresentou perdas anuais de 2,5 bilhões de euros…
Para cortar despesas, muitas publicações estão reduzindo o número de páginas; o Washington Post fechou o seu prestigiado suplemento literário Bookworld; o Christian Science Monitor decidiu suprimir a sua edição em papel e existir só na Internet; o Financial Times propõe semanas de três dias aos seus redatores e reduziu drasticamente o número de trabalhadores. As demissões são em massa. Desde janeiro de 2008 foram suprimidos 21.000 empregos nos jornais norte-americanos. Na Espanha, `entre Junho de 2008 e Abril de 2009, 2.221 jornalistas perderam o seu posto de trabalho` (2).
A imprensa diária escrita encontra-se à beira do precipício e procura desesperadamente fórmulas para sobreviver. Alguns analistas consideram obsoleto esse modo de informação. Michael Wolf, da Newser, prevê que 80% dos diários norte-americanos desaparecerão (3). Mais pessimista, Rupert Murdoch prevê que, na próxima década, todos os diários deixarão de existir…
O que é que agrava tão letalmente a velha decadência da imprensa escrita quotidiana? Um fator conjuntural: a crise econômica global que provoca a redução da publicidade e a restrição do crédito. E que, no momento mais inoportuno, se veio somar aos males estruturais do setor: a mercantilização da informação, o apego à publicidade, a perda de credibilidade, a queda de assinantes, a competência da imprensa gratuita, o envelhecimento dos leitores…
Na América Latina acrescenta-se a isto as necessárias reformas democráticas empreendidas por alguns governos (Argentina, Equador, Bolívia, Venezuela) contra os `latifúndios midiáticos` de grupos privados em situação de monopólio. Esses grupos desencadearam, contra esses governos e os seus presidentes, uma campanha de calúnias difundidas pelos rancorosos meios de comunicação dominantes e pelos seus cúmplices habituais (na Espanha: o diário El País, que passou a atacar o primeiro ministro José Luis Rodriguez Zapatero) (4).
A imprensa diária continua a praticar um modelo econômico e industrial que não funciona. O recurso à construção de grandes grupos multimídia internacionais, como aconteceu nos anos 1980 e 1990, já não serve perante a proliferação dos novos meios de difusão da informação e do lazer, pela Internet ou pelos telemóveis (5).
Paradoxalmente, nunca os diários tiveram tanta audiência como atualmente. Com a Internet, o número de leitores cresceu de forma exponencial (6). Mas a articulação com a Rede continua a falhar. Porque estabelece uma injustiça ao obrigar o leitor do quiosque, o que compra o diário, a subsidiar o leitor da tela que lê gratuitamente a edição digital (mais extensa e agradável). E por que a publicidade da versão web não compensa, ao ser muito mais barata que na versão de papel (7). Perdas e ganhos não se equilibram.
Caminhando às cegas, os jornais procuram desesperadamente fórmulas para enfrentar a hipermudança e sobreviver. Seguindo o exemplo do iTunes, alguns pedem micro-pagamentos aos seus leitores para deixá-los aceder em exclusivo às informações online (8). Rupert Murdoch decidiu que, a partir de Janeiro de 2010, exigirá pagamento por qualquer consulta do Wall Street Journal mediante qualquer tecnologia, sejam os telefones Blackberry ou iPhone, Twitter ou o leitor electrônico Kindle. O motor de busca Google está pensando numa receita que lhe permita cobrar por toda a leitura de qualquer diário digital e reverter uma parte à empresa editora.
Bastarão essas medidas para salvar o doente terminal? Poucos acreditam nisso (leia-se o artigo de Serge Halimi `O combate do Le Monde Diplomatique`). Porque a tudo o que se disse acima soma-se o mais preocupante: a perda da credibilidade. A obsessão atual dos diários pelo imediatismo leva-os a multiplicar os erros. O demagógico apelo ao `leitor jornalista` para que coloque na web do seu jornal o seu blog, as suas fotos ou os seus vídeos, aumenta o risco de difundir erros. E adotar a defesa da estratégia da empresa como linha editorial (coisa que hoje fazem os diários dominantes) conduz à imposição de uma leitura subjetiva, arbitrária e partidária da informação.
Frente aos novos `pecados capitais` do jornalismo, os cidadãos sentem-se vulneráveis nos seus direitos. Sabem que dispor de informação confiável e de qualidade é mais importante que nunca. Para eles e para a democracia. E interrogam-se: onde procurar a verdade? Os nossos leitores assíduos conhecem (uma parte de) a resposta: na imprensa realmente independente e crítica; e obviamente, nas páginas do Le Monde Diplomatique.
Artigo publicado em rebelion.org, traduzido para o português por Carlos Santos, do site Esquerda.Net.
Notas:
(1) Inés Hayes, `En quiebra los principales diarios del mundo`, América XXI, Caracas, Abril de 2009.
(2) Segundo a Federação de Associações de Jornalistas de Espanha, Madrid, 13 de Abril de 2009.
(3) The Washington Post, 21 de Abril de 2009.
(4) Sobre os ataques de El País contra Zapatero, leia-se Doreen Carvajal, `El País in Rare Break With Socialist Leader`, The New York Times, 13 de Setembro de 2009. Versão em espanhol: internautas.org
(5) Luis Hernández Navarro, `La crisis de la prensa escrita`, La Jornada, México, 3 de Março de 2009.
(6) Leia-se o informe: `Newspapers in Crisis`: emarketer.com
(7) Em 2008, la audiência do New York Times na Internet foi dez vezes superior à da sua edição impressa, mas os seus ganhos em publicidade na Rede foram dez vezes inferiores aos da edição de papel.
(8) Leia-se: Gordon Crovitz, `El futuro de los diarios en Internet`, La Nación, Buenos Aires, 15 de Agosto de 2009, e El País, Madrid, 11 de Setembro de 2009.
Publicado originalmente: Carta Maior – 24/10/2009.
A IMPRENSA DIÁRIA ESTÁ MORRENDO?
O que é que agrava tão letalmente a velha decadência da imprensa escrita quotidiana? Um fator conjuntural: a crise econômica global que provoca a redução da publicidade e a restrição do crédito. E que, no momento mais inoportuno, se veio somar aos males estruturais do setor: a mercantilização da informação, o apego à publicidade, a perda de credibilidade, a queda de assinantes, a competência da imprensa gratuita, o envelhecimento dos leitores… Dezenas de diários estão em queda. Nos Estados Unidos já fecharam pelo menos cento e vinte. E o tsunami golpeia agora a Europa. O artigo é de Ignácio Ramonet. (Carta Maior)
Ignácio Ramonet
O desastre é enorme. Dezenas de diários estão em queda. Nos Estados Unidos já fecharam pelo menos cento e vinte. E o tsunami golpeia agora a Europa. Nem sequer se salvam os outrora considerados `jornais de referência`: El País na Espanha, Le Monde na França, The Times e The Independent no Reino Unido, Corriere della Sera e La Repubblica na Itália, etc.
Todos eles acumulam fortes perdas econômicas, baixa da difusão e queda da publicidade (1).
O prestigiado New York Times teve que solicitar a ajuda do milionário mexicano Carlos Slim; a empresa editora de The Chicago Tribune e de Los Angeles Times, assim como a Hearst Corporation, dona do San Francisco Chronicle, caíram na bancarrota; News Corp, o poderoso grupo multimédia de Rupert Murdoch que publica o Wall Street Journal, apresentou perdas anuais de 2,5 bilhões de euros…
Para cortar despesas, muitas publicações estão reduzindo o número de páginas; o Washington Post fechou o seu prestigiado suplemento literário Bookworld; o Christian Science Monitor decidiu suprimir a sua edição em papel e existir só na Internet; o Financial Times propõe semanas de três dias aos seus redatores e reduziu drasticamente o número de trabalhadores. As demissões são em massa. Desde janeiro de 2008 foram suprimidos 21.000 empregos nos jornais norte-americanos. Na Espanha, `entre Junho de 2008 e Abril de 2009, 2.221 jornalistas perderam o seu posto de trabalho` (2).
A imprensa diária escrita encontra-se à beira do precipício e procura desesperadamente fórmulas para sobreviver. Alguns analistas consideram obsoleto esse modo de informação. Michael Wolf, da Newser, prevê que 80% dos diários norte-americanos desaparecerão (3). Mais pessimista, Rupert Murdoch prevê que, na próxima década, todos os diários deixarão de existir…
O que é que agrava tão letalmente a velha decadência da imprensa escrita quotidiana? Um fator conjuntural: a crise econômica global que provoca a redução da publicidade e a restrição do crédito. E que, no momento mais inoportuno, se veio somar aos males estruturais do setor: a mercantilização da informação, o apego à publicidade, a perda de credibilidade, a queda de assinantes, a competência da imprensa gratuita, o envelhecimento dos leitores…
Na América Latina acrescenta-se a isto as necessárias reformas democráticas empreendidas por alguns governos (Argentina, Equador, Bolívia, Venezuela) contra os `latifúndios midiáticos` de grupos privados em situação de monopólio. Esses grupos desencadearam, contra esses governos e os seus presidentes, uma campanha de calúnias difundidas pelos rancorosos meios de comunicação dominantes e pelos seus cúmplices habituais (na Espanha: o diário El País, que passou a atacar o primeiro ministro José Luis Rodriguez Zapatero) (4).
A imprensa diária continua a praticar um modelo econômico e industrial que não funciona. O recurso à construção de grandes grupos multimídia internacionais, como aconteceu nos anos 1980 e 1990, já não serve perante a proliferação dos novos meios de difusão da informação e do lazer, pela Internet ou pelos telemóveis (5).
Paradoxalmente, nunca os diários tiveram tanta audiência como atualmente. Com a Internet, o número de leitores cresceu de forma exponencial (6). Mas a articulação com a Rede continua a falhar. Porque estabelece uma injustiça ao obrigar o leitor do quiosque, o que compra o diário, a subsidiar o leitor da tela que lê gratuitamente a edição digital (mais extensa e agradável). E por que a publicidade da versão web não compensa, ao ser muito mais barata que na versão de papel (7). Perdas e ganhos não se equilibram.
Caminhando às cegas, os jornais procuram desesperadamente fórmulas para enfrentar a hipermudança e sobreviver. Seguindo o exemplo do iTunes, alguns pedem micro-pagamentos aos seus leitores para deixá-los aceder em exclusivo às informações online (8). Rupert Murdoch decidiu que, a partir de Janeiro de 2010, exigirá pagamento por qualquer consulta do Wall Street Journal mediante qualquer tecnologia, sejam os telefones Blackberry ou iPhone, Twitter ou o leitor electrônico Kindle. O motor de busca Google está pensando numa receita que lhe permita cobrar por toda a leitura de qualquer diário digital e reverter uma parte à empresa editora.
Bastarão essas medidas para salvar o doente terminal? Poucos acreditam nisso (leia-se o artigo de Serge Halimi `O combate do Le Monde Diplomatique`). Porque a tudo o que se disse acima soma-se o mais preocupante: a perda da credibilidade. A obsessão atual dos diários pelo imediatismo leva-os a multiplicar os erros. O demagógico apelo ao `leitor jornalista` para que coloque na web do seu jornal o seu blog, as suas fotos ou os seus vídeos, aumenta o risco de difundir erros. E adotar a defesa da estratégia da empresa como linha editorial (coisa que hoje fazem os diários dominantes) conduz à imposição de uma leitura subjetiva, arbitrária e partidária da informação.
Frente aos novos `pecados capitais` do jornalismo, os cidadãos sentem-se vulneráveis nos seus direitos. Sabem que dispor de informação confiável e de qualidade é mais importante que nunca. Para eles e para a democracia. E interrogam-se: onde procurar a verdade? Os nossos leitores assíduos conhecem (uma parte de) a resposta: na imprensa realmente independente e crítica; e obviamente, nas páginas do Le Monde Diplomatique.
Artigo publicado em rebelion.org, traduzido para o português por Carlos Santos, do site Esquerda.Net.
Notas:
(1) Inés Hayes, `En quiebra los principales diarios del mundo`, América XXI, Caracas, Abril de 2009.
(2) Segundo a Federação de Associações de Jornalistas de Espanha, Madrid, 13 de Abril de 2009.
(3) The Washington Post, 21 de Abril de 2009.
(4) Sobre os ataques de El País contra Zapatero, leia-se Doreen Carvajal, `El País in Rare Break With Socialist Leader`, The New York Times, 13 de Setembro de 2009. Versão em espanhol: internautas.org
(5) Luis Hernández Navarro, `La crisis de la prensa escrita`, La Jornada, México, 3 de Março de 2009.
(6) Leia-se o informe: `Newspapers in Crisis`: emarketer.com
(7) Em 2008, la audiência do New York Times na Internet foi dez vezes superior à da sua edição impressa, mas os seus ganhos em publicidade na Rede foram dez vezes inferiores aos da edição de papel.
(8) Leia-se: Gordon Crovitz, `El futuro de los diarios en Internet`, La Nación, Buenos Aires, 15 de Agosto de 2009, e El País, Madrid, 11 de Setembro de 2009.
Publicado originalmente: Carta Maior – 24/10/2009.
Solidariedade ao Nassif
O conhecido e reconhecido jornalista Luis Nassif, mineiro de Poços de Caldas, tem sido vítima de ataques da Revista Veja desde que entendeu ser importante se manifestar sobre o tipo de jornalismo que a revista vem praticando. Apesar dos furiosos ataques que vem recebendo, o bravo jornalista não tem se intimidado. Acompanhe.
“Não me intimidaram”
Ainda não tenho os dados à mão. Mas, pelo que sou informado, fui condenado a pagamento de 100 salários mínimos pelo juiz Vitor Frederico Kümpel, da 27ª Vara Cível, em processo movido por Mário Sabino e pela revista Veja. No primeiro processo – de Eurípedes Alcântara – fui absolvido. Pode haver apelação nas duas sentenças.
Ao longo dessa longa noite dos celerados, a Abril lançou contra mim os ataques mais sórdidos que uma empresa de mídia organizada já endereçou contra qualquer pessoa. Escalou dois parajornalistas para ataques sistemáticos, que superaram qualquer nível de razoabilidade. Atacaram a mim, à minha família, ataques à minha vida profissional, à minha vida pessoal, em um nível só comparável ao das mais obscenas comunidades do Orkut. Não me intimidaram.
Apelaram então para a indústria das ações judiciais – a mesma que a mídia vive criticando como ameaça à liberdade de imprensa. Cinco ações – quatro em nome de jornalistas da Veja, uma em nome da Abril – todas bancadas pela Abril e tocadas pelos mesmos advogados, sob silêncio total da mídia. Não vou entrar no mérito da sentença do juiz, nem no valor estipulado.
Mas no final do ano fui procurado por um emissário pessoal de Roberto Civita propondo um acordo: retirariam as ações em troca de eu cessar as críticas e retirar as ações e o pedido de direito de resposta. A proposta foi feita em nome da “liberdade de imprensa”. Não aceitei. Em nome da liberdade de imprensa.
Podem vencer na Justiça graças ao poder financeiro que lhes permite abrir várias ações simultaneamente. Quatro ações que percam não os afetará. Uma que eu perca me afetará financeiramente, além dos custos de defesa contra as outras quatro.
Mas no campo jornalístico, perderam para um blog e para a extraordinária solidariedade que recebi de blogueiros que sequer conhecia, de vocês, de tantos amigos jornalistas que me procuraram pessoalmente, sabendo que qualquer demonstração pública de solidariedade colocaria em risco seus empregos. Melhor que isso, só a solidariedade que uniu minhas filhas em defesa do pai.
(Acesse o blog do Nassif: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/)
“Não me intimidaram”
Ainda não tenho os dados à mão. Mas, pelo que sou informado, fui condenado a pagamento de 100 salários mínimos pelo juiz Vitor Frederico Kümpel, da 27ª Vara Cível, em processo movido por Mário Sabino e pela revista Veja. No primeiro processo – de Eurípedes Alcântara – fui absolvido. Pode haver apelação nas duas sentenças.
Ao longo dessa longa noite dos celerados, a Abril lançou contra mim os ataques mais sórdidos que uma empresa de mídia organizada já endereçou contra qualquer pessoa. Escalou dois parajornalistas para ataques sistemáticos, que superaram qualquer nível de razoabilidade. Atacaram a mim, à minha família, ataques à minha vida profissional, à minha vida pessoal, em um nível só comparável ao das mais obscenas comunidades do Orkut. Não me intimidaram.
Apelaram então para a indústria das ações judiciais – a mesma que a mídia vive criticando como ameaça à liberdade de imprensa. Cinco ações – quatro em nome de jornalistas da Veja, uma em nome da Abril – todas bancadas pela Abril e tocadas pelos mesmos advogados, sob silêncio total da mídia. Não vou entrar no mérito da sentença do juiz, nem no valor estipulado.
Mas no final do ano fui procurado por um emissário pessoal de Roberto Civita propondo um acordo: retirariam as ações em troca de eu cessar as críticas e retirar as ações e o pedido de direito de resposta. A proposta foi feita em nome da “liberdade de imprensa”. Não aceitei. Em nome da liberdade de imprensa.
Podem vencer na Justiça graças ao poder financeiro que lhes permite abrir várias ações simultaneamente. Quatro ações que percam não os afetará. Uma que eu perca me afetará financeiramente, além dos custos de defesa contra as outras quatro.
Mas no campo jornalístico, perderam para um blog e para a extraordinária solidariedade que recebi de blogueiros que sequer conhecia, de vocês, de tantos amigos jornalistas que me procuraram pessoalmente, sabendo que qualquer demonstração pública de solidariedade colocaria em risco seus empregos. Melhor que isso, só a solidariedade que uniu minhas filhas em defesa do pai.
(Acesse o blog do Nassif: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/)
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Diploma de jornalista não é garantia de Jornalismo
Não vou entrar aqui no mérito da exigência ou não de diploma de curso superior em Jornalismo para exercer a profissão de jornalista. Se for entrar nessa questão vou me desviar do assunto desta postagem, que é criticar a defesa que a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) faz da tal exigência.
Que eles defendam o diploma e o nicho de mercado para a profissão (e também para as faculdades catadoras de dinheiro espalhadas pelo país) é problema deles. Minha crítica é quanto ao contexto e aos argumentos utilizados.
Como a votação pelo STF se dará no dia 1° de abril, eles estão comparando o fim da exigência do diploma à implantação de uma ditadura no Brasil, semelhante ao golpe de 1964. Está no texto do folder (o destaque é da Fenaj)
Em 1964, há 45 anos, na madrugada de 1° de abril, um golpe militar depôs o presidente João Goulart e instaurou a ditadura que castigou o Brasil durante 21 anos. A sociedade brasileira pode estar diante de um novo golpe.
Peralá. Quer dizer que se o STF disser que não é necessário diploma para exercer o jornalismo no Brasil (não vou nem citar aqui os países em que essa exigência não existe) vamos voltar ao período das trevas, da censura, do arbítrio, da violência, da tortura, do assassinato, da cassação de políticos, da falta de liberdade de expressão etc?... Não é forçar demais a barra?
Mas, prossegue o folder [o grifo agora é meu]:
Desta vez, direcionado contra o seu direito de receber informação qualificada, apurada por profissionais capacitados para exercer o Jornalismo, com formação teórica, técnica e ética.
Onde é que nós estamos (ou a Fenaj afirma que estamos) recebendo “informação qualificada, apurada por profissionais capacitados para exercer o Jornalismo, com formação teórica, técnica e ética”? Qual é o veículo em que isso está acontecendo?
Porque as grandes redes de TV, jornal, as revistas, a tal mídia corporativa, enfim, há muito que não produz (ou produz muito pouco) algo que se possa chamar de Jornalismo, com jota maiúsculo.
Não tenho nada contra a exigência ou não de diploma (embora a exigência me pareça apenas uma questão corporativista somada aos interesses dos donos de faculdades de Jornalismo), mas não é o diploma de jornalismo que faz um jornalista. Nem é a defesa desse diploma que qualifica uma associação de classe.
Onde estão os jornalistas quando os repórteres são obrigados a mentir, falsificar, manipular? Onde estão os jornalistas de uma Veja (provavelmente todos com diploma), por exemplo, que permitem que nossa maior revista semanal tenha se transformado no lixo informativo que é hoje?
Onde eles estão quando permitem que esta mesma Veja tenha em seus quadros um jornalista de esgoto, especialista em ofender colegas de profissão, sem que nada seja feito?
Ao sair da Rede Globo o jornalista Rodrigo Vianna (atualmente na Record) afirmou que entrevistas e reportagens em que estivesse envolvido o governador José Serra tinham que passar pelo crivo de Ali Kamel, o diretor-executivo de jornalismo da RGTV, gerando omissões, falsificações, manipulações. Numa hora dessas, de que serve o diploma, se os diplomados entubam e se calam, se os sindicatos sabem do problema e se omitem?
A Fenaj (imagino que os sindicatos do Brasil inteiro também estejam engajados nesta batalha pelo diploma) está perdendo uma grande oportunidade, ao atrelar a qualidade do jornalismo apenas à exigência do diploma. A internet, as rádios comunitárias, a mídia livre, já atropelou esse “jornalismo chapa sindical” há muito tempo.
Mas, eu pelo menos, esperava uma ampliação de horizontes, que essa exigência do diploma viesse acompanhada de um código de ética da profissão, que não permitiria aos alikamels da vez detonarem com o jornalismo plural e informativo – este sim, o verdadeiro jornalismo. Será pedir demais? Ou o negó$$io é só o diproma, e vice-versa?
Blog do Mello (blogdomello.blogspot.com)
Que eles defendam o diploma e o nicho de mercado para a profissão (e também para as faculdades catadoras de dinheiro espalhadas pelo país) é problema deles. Minha crítica é quanto ao contexto e aos argumentos utilizados.
Como a votação pelo STF se dará no dia 1° de abril, eles estão comparando o fim da exigência do diploma à implantação de uma ditadura no Brasil, semelhante ao golpe de 1964. Está no texto do folder (o destaque é da Fenaj)
Em 1964, há 45 anos, na madrugada de 1° de abril, um golpe militar depôs o presidente João Goulart e instaurou a ditadura que castigou o Brasil durante 21 anos. A sociedade brasileira pode estar diante de um novo golpe.
Peralá. Quer dizer que se o STF disser que não é necessário diploma para exercer o jornalismo no Brasil (não vou nem citar aqui os países em que essa exigência não existe) vamos voltar ao período das trevas, da censura, do arbítrio, da violência, da tortura, do assassinato, da cassação de políticos, da falta de liberdade de expressão etc?... Não é forçar demais a barra?
Mas, prossegue o folder [o grifo agora é meu]:
Desta vez, direcionado contra o seu direito de receber informação qualificada, apurada por profissionais capacitados para exercer o Jornalismo, com formação teórica, técnica e ética.
Onde é que nós estamos (ou a Fenaj afirma que estamos) recebendo “informação qualificada, apurada por profissionais capacitados para exercer o Jornalismo, com formação teórica, técnica e ética”? Qual é o veículo em que isso está acontecendo?
Porque as grandes redes de TV, jornal, as revistas, a tal mídia corporativa, enfim, há muito que não produz (ou produz muito pouco) algo que se possa chamar de Jornalismo, com jota maiúsculo.
Não tenho nada contra a exigência ou não de diploma (embora a exigência me pareça apenas uma questão corporativista somada aos interesses dos donos de faculdades de Jornalismo), mas não é o diploma de jornalismo que faz um jornalista. Nem é a defesa desse diploma que qualifica uma associação de classe.
Onde estão os jornalistas quando os repórteres são obrigados a mentir, falsificar, manipular? Onde estão os jornalistas de uma Veja (provavelmente todos com diploma), por exemplo, que permitem que nossa maior revista semanal tenha se transformado no lixo informativo que é hoje?
Onde eles estão quando permitem que esta mesma Veja tenha em seus quadros um jornalista de esgoto, especialista em ofender colegas de profissão, sem que nada seja feito?
Ao sair da Rede Globo o jornalista Rodrigo Vianna (atualmente na Record) afirmou que entrevistas e reportagens em que estivesse envolvido o governador José Serra tinham que passar pelo crivo de Ali Kamel, o diretor-executivo de jornalismo da RGTV, gerando omissões, falsificações, manipulações. Numa hora dessas, de que serve o diploma, se os diplomados entubam e se calam, se os sindicatos sabem do problema e se omitem?
A Fenaj (imagino que os sindicatos do Brasil inteiro também estejam engajados nesta batalha pelo diploma) está perdendo uma grande oportunidade, ao atrelar a qualidade do jornalismo apenas à exigência do diploma. A internet, as rádios comunitárias, a mídia livre, já atropelou esse “jornalismo chapa sindical” há muito tempo.
Mas, eu pelo menos, esperava uma ampliação de horizontes, que essa exigência do diploma viesse acompanhada de um código de ética da profissão, que não permitiria aos alikamels da vez detonarem com o jornalismo plural e informativo – este sim, o verdadeiro jornalismo. Será pedir demais? Ou o negó$$io é só o diproma, e vice-versa?
Blog do Mello (blogdomello.blogspot.com)
Objetivos do Sindijori MG
* Defender a liberdade de imprensa e buscar a apuração de ameaças, ataques e
crimes contra as empresas jornalísticas.
* Difundir notícias de interesse da imprensa mineira.
* Estimular a competitividade do setor
* Promover a capacitação gerencial e profissional
* Promover as parcerias convenientes à reorganização do mercado
* Realizar pesquisas e estudos de mercado
* Divulgar a imagem dos produtos produzidos pelas empresas jornalísticas
* Apoiar o desenvolvimento tecnológico
* Desenvolver Programas de Qualidade e Produtividade
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